Até agora o superpoder de Tony era ser desagradável para outras pessoas, chamar-lhes e dizer-lhes tudo o que pensa sobre elas, sem qualquer tipo de filtro de educação. Com este viúvo triste e com pensamentos suicidas, não resulta a máxima: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.” Nem mesmo ao continuar a ver o vídeo, uma espécie de guia de sobrevivência, que Lisa, a mulher, lhe deixou quando morreu de cancro. Mas as palavras de incentivo para que Tony seja feliz e gentil parecem começar a ter algum efeito. Embora alimentar o cão Brandy continue a ser o seu maior objetivo, já existem outros interesses na vida deste jornalista rabugento e caprichoso de The Tambury Gazette (o jornal local gratuito para o qual trabalha), para quem a Humanidade é uma praga e o mundo seria melhor sem pessoas.
Nestes seis episódios da terceira temporada de After Life, a comédia britânica mais vista do mundo na última década, com mais de 85 milhões de espectadores, Tony decide fazer uma viagem para espalhar as cinzas do pai e há uma missão de um novo começo. A personagem de Ricky Gervais, 60 anos, já consegue alcançar o bom que é fazer o bem aos outros, mas continua a ser rude e inoportuno com quem se cruza – ou não, depende da perspetiva.
Para um provocador nato como o humorista britânico, interpretar um viúvo em luto foi só o pretexto para falar de como o que dizemos interfere e é importante. Optar entre ser simpático ou transformar-se num ser odioso e odiado por todos é um grande desafio. E para todos os puristas que acham que Gervais está meloso demais, sem a acutilância dos espetáculos de stand-up comedy de outros tempos, há uma legião de fãs cujas lágrimas e comoção valorizam cada episódio.
Veja o trailer da terceira temporada:
After Life > Netflix > Estreia 14 jan, sex > 6 episódios