Anos 50, Kansas City, no estado do Missouri, EUA. “O que fizeste desta vez?”, pergunta a secretária da escola à jovem Ethelrida, visita recorrente da palmatória com que insiste em reeducá-la, devido não aos maus comportamentos, mas por ser uma aluna negra exemplar – algo que tinha tanto de audacioso como de alienável, numa altura em que até as casas de banho eram divididas com base na cor da pele.
Num monólogo emocionante, Ethelrida (Emyri Crutchfield) – censurada instantes antes por citar o filósofo Frederick Douglass, na sala de aula – começa por contar a história das famílias mafiosas que passaram por Kansas City: judeus, irlandeses, italianos e negros, todos eles vítimas de discriminação, mas, ainda assim, todos eles agentes de violência e de segregação.
Três anos após a última temporada, e depois de ter sido adiada devido à pandemia, a série Fargo, criada por Noah Hawley, volta ao canal TVCine Action, com um novo cenário. Nesta quarta temporada, somos convidados a conhecer o mundo do crime organizado pelas mãos do barão italiano Josto Fadda (Jason Schwartzman) e do recém-chegado Loy Cannon (interpretado por Chris Rock) que, logo no primeiro episódio, chocam com a bizarra tradição de trocar os filhos mais novos com o rival, em nome de uma “quase infalível” prova de paz.
Mas o que seria de um argumento inspirado no universo ficcional do filme homónimo que os irmãos Coen rodaram em 1996, se não se misturassem tragédias mórbidas com o humor sarcástico? Ao longo de 11 episódios, vemos, assim, cair por terra a utopia da pacata cidade pequena, dando dar lugar a um palco de esquemas criminosos e de mortes violentas.
Fargo > seg 22h10 > TVCine Action