“Guadalajara, 1985. Uma história sem final feliz, nem sequer fim”, avisa o narrador, cuja figura só será desvendada no último episódio. Depois das típicas divisões de lucros entre traficantes, proteção policial e apreensões de droga, está prestes a começar uma nova guerra em torno do tráfico de droga no México, um conflito que matou um milhão de pessoas. Em inglês, o narrador volta a prevenir: “Os dealers são como baratas, podemos pisá-los, envenená-los, queimá-los, e voltam sempre mais fortes do que nunca.”
Miguel Ángel Félix Gallardo, considerado o traficante mais poderoso do México na década de 80 – na série interpretado pelo ator mexicano Diego Luna (Rogue One: Uma História de Star Wars, Milk) –, pode não ter o carisma do colombiano Pablo Escobar, mas a sua ambição e a sua frieza também são notáveis. Na altura em que Diego Luna foi apresentado como protagonista da série, o ator de 38 anos dava voz a um protesto contra a Lei de Segurança Interna, que regulamenta a participação das Forças Armadas do México em ações de segurança pública. Criticado por um senador conservador por entrar numa série que “faz a apologia do crime”, Luna respondeu: “Interessa-me que o público que assiste à série na Alemanha, em Inglaterra e noutros países fora da América Latina, da próxima vez que consumir cocaína, pense um pouco sobre o que está por trás.”
Narcos: México não é a quarta temporada de Narcos, mas sim uma ramificação independente com dez episódios, sendo certo que, no fim, ficam dúvidas sobre a possibilidade de a série continuar. Até porque após o desaparecimento do Cartel de Guadalajara surgiu o Cartel de Sinaloa, liderado por Joaquín El Chapo Guzmán, preso nos Estados Unidos da América e cujo julgamento começou nesta semana.
O outro protagonista de Narcos: México é Michael Peña (Golpada Americana, Colisão), o polícia Kiki Camarena que vai da Califórnia para Guadalajara, com a família, para travar a ascensão do cartel de Félix Gallardo. Mas, depois de se infiltrar e conhecer os métodos de trabalho do narcotraficante, percebe que a sua tarefa não será fácil. Em 1988, Kiki Camarena foi capa da revista Time pelos piores motivos.
Narcos: México > Estreia 16 nov, sex > Netflix