“Sonhos e Ilusões” é o tema do terceiro Serralves em Luz que ilumina uma boa parte dos 18 hectares do Parque de Serralves, com luzes, LED, néons, uma multiplicidade de cores e, este ano, vários sons e uma maior interatividade com o visitante.
Num percurso de quase três quilómetros – o limite é a Mata, não abrangendo a zona da Quinta – há 25 instalações pensadas com o propósito de nos fazer sonhar. Nuno Maya volta a ser o diretor criativo desta exposição (em 2021, foi considerada pelo jornal britânico The Times como uma das dez melhores da Europa) e, diz, que “o tema é sempre o ponto de partida para depois imaginar o que fazer para transformar o Parque a nível visual através de experiências interativas, onde o visitante seja observador e participante”. E são muitas as instalações, a grande maioria criadas de propósito para este pulmão verde e histórico do Porto.
Este ano, e além do tema central, há duas instalações festivas: uma alusiva aos 35 anos da Fundação de Serralves (nas paredes do Museu de Serralves exibem-se seis poemas audiovisuais a partir do arquivo fotográfico, cada um com 35 segundos) e outra que celebra os 50 anos do 25 de Abril (no Campo de Ténis) que contou com a participação de 50 crianças da Escola Básica das Condominhas, no Porto, convidadas a criarem 50 cravos luminosos que são projetados de forma imersiva.
Não havendo um percurso obrigatório, sugere-se que se inicie pelo Bosque das Faias (logo a seguir à Colher de Jardineiro de Claes Oldenburg & Coosje Van Bruggen) percorrendo a Bridge of Light (Ponte de Luz), onde à medida que o visitante caminha, vão sendo accionadas luzes de várias cores de um lado e do outro. “Não é uma passadeira vermelha, é uma passadeira colorida”, afirma Nuno Maya.
Logo a seguir, a atenção vira-se para os galhos de uma grande faia, onde a artista audiovisual britânica Kathy Hinde pendurou a obra Chirp & Drift: uma série de instrumentos, feitos a partir de acordeões reciclados, que se iluminam e reproduzem sons em código Morse como se fossem os pássaros do Parque de Serralves (gaio, pega, carriça, chapim, pica-pau…).
Esta “viagem sensorial e interativa”, como descreve Nuno Maya, continua pelo Parterre Lateral onde 200 barras acendem luzes ao ritmo da música como se fosse um jardim vertical. “É uma instalação imersiva. As pessoas podem entrar nestes corredores e neste sonho digital”, aponta o criativo. Prossegue-se para a Alameda dos Liquidâmbares com os seus troncos iluminados “com uma paleta de cores quentes, como se fossemos um sonhador onírico e entrássemos num conto de fadas”, descreve.
Para o Parterre Central, Nuno Maya, que é também responsável pelo atelier OCUBO, conta ter-se inspirado nos tempos em que no interior da Casa de Serralves “se ouviriam os pianos a tocar”. Escutam-se muitos sons, entre notas músicas, água a correr e o canto de animais. O passeio segue pelo passadiço de madeira Treetop Walk, todo ele iluminado num percurso de ilusão junto à copa das árvores.
Seguindo para a Casa Manoel de Oliveira, o visitante pode interagir com as mãos na Dynamic Light Stripes, uma instalação site-specific de luz interativa, premiada no Design Skill Awards 2023, que vai mudando a cor e a música de acordo com o toque da palma da mão.
Mais adiante, é no lago que se encontra uma das experiências mais impactantes: Solid Fluids. “É uma peça âncora. A água é projetada a alta pressão, criando vários elementos geométricos”, explica Nuno Maya, também responsável pela sonoridade desta obra que convida a ficar ali em pura contemplação.
Uma hora e meia é a duração estimada para esta viagem sensorial mas, já se sabe, tudo depende do tempo que cada espectador queira embrenhar-se nesta experiência imersiva que permanece até novembro.
Serralves em Luz > Parque de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 4 jul-3 nov, ter-dom 21h30 (até 28 jul), 21h (30 jul-1 set), 20h30 (3 ago-29 set), 20h (1 out-3 nov) > €14, €12 (4-11 anos, estudantes e maiores de 65 anos), €11 (bilhete família: dois adultos + mínimo 1 criança) grátis (menores de 3 anos > serralves.pt