Ao cair da tarde, descendo a Rua da Esperança, na zona de Santos, em Lisboa, um grupo animado vai-se juntando à porta do antigo armazém da icónica tasca O Tachadas. Conversa e brinda, encostado às ombreiras das enormes portas de madeira duplas, abertas de par em par.
Nos copos de vidro, aos gomos ou em forma de pequenas túlipas, brilham cocktails cor-de-rosa, salmão e amarelos, e, sobre mesinhas redondas de inox, começam a ser servidos alguns petiscos. Trata-se do novíssimo bar Cascavel, um projeto dos sócios Carlos Aragão e Tomás Coelho.
O Cascavel abriu nem há um mês, mas parece que já tem memória própria, rugas, experiência de vida, diga-se assim. Longe do desenho acético característico de muitos dos bares que abrem, quase semanalmente, nos loucos anos 20 do século XXI, evoca os anos 1980 do século passado e esforça-se por ser, nas palavras de Carlos Aragão, “uma espécie de bar de bairro, que almeja tornar-se um ícone na cidade”.
Além de tentar manter “o peso da memória” do antigo armazém, Carlos, que é arquiteto, procurou não desvirtuar o “ar mais decadente e cru do espaço”. O chão, as portas e o mezanino de arrumos são os originais, e o enorme balcão de aço inox que domina a sala foi desenhado em jeito de homenagem ao universo vibrante dos bares lisboetas dos anos 80, tal como o próprio nome, Cascavel, que nos lembra lugares que marcaram a vida da capital nessa década, como o Jaguar, o Tatu, o Zebras ou o Elefante Branco.
O menu foi criado por Pedro Abril e é executado por Tiago Hung, para sentar à mesa a multiculturalidade da Lisboa do século XXI. Pratos de inspiração japonesa, brasileira, chinesa ou angolana, como o frango panado com amendoim, muamba de gunguba, pickle de cebola, jalapeño suave e lima (€8), são acompanhados por cocktails (€12) como o Arabian Mule, com vodka de sementes e soda de gengibre, ou o Timor Gimlet, com gin, lima kaffir, coentro, azeite e tangerina, assinados por Gustavo Santiago.
Cascavel > R. da Esperança, 170 > T. 91 916 3055 > qui-seg 18h-24h