1. Homenagem a Manuel António Pina
O poema de Manuel António Pina (1943-2012), “Ainda Não É o Fim Nem o Princípio do Mundo Calma É Apenas Um Pouco Tarde”, dá o mote para a Feira do Livro do Porto, nos Jardins do Palácio de Cristal. A homenagem, ao poeta e à sua obra, organizada por Rui Laje, comissário da feira, começa com a inauguração nesta sexta, 25, às 17h, de Pina Germano, uma exposição de memórias, fotografias, livros e algumas obras de arte para ver no Gabinete Gráfico da Biblioteca Almeida Garrett. Neste primeiro fim de semana, estão agendadas duas conversas: Fala-se de Mais Nestes Tempos (Inclusive Cala-se), moderada por Helena Teixeira da Silva, com o filósofo Sousa Dias, o jornalista Germano Silva e o ativista Renato Soeiro, três grandes amigos de MAP, para abordar a sua dimensão interventiva, cívica e política (26 ago, sáb 16h30). Em Porquê a Poesia e Não Outra Coisa Qualquer?, Inês Fonseca Santos irá moderar o encontro sobre “o mistério da poesia” de MAP com Rosa Maria Martelo, António Guerreiro e Rita Basílio (27 ago, dom 17h30).
2. Concertos
Neste capítulo, dedicado a escritores de canções, João Gesta, programador literário e coordenador desta feira, destaca a presença dos Cachupa Psicadélica. O grupo criado por Lula’s, o mesmo é dizer Luís Gomes, um cantautor e escritor de canções oriundo de Cabo Verde com uma musicalidade “penetrante e exótica”vai estar no Auditório da Biblioteca Almeida Garret no dia 2 de setembro, às 21h. Pomba Pardal é o nome do seu último disco, lançado há quatro anos depois da sua estreia discográfica com Último Caboverdiano Triste, em 2015. Ainda na área da música, poderá assistir-se aos concertos de J.P. Simões (1 set, 21h), António Manuel Ribeiro, fundador dos UHF (8 set, 21h), e Márcia (9 set, 21h).
3. Conversa com Xullaji
Partindo de “A poesia é feita contra todos, e por um só; de cada vez, um e só.”, título de um artigo de Herberto Helder, escrito em 1974, no suplemento cultural & etc, Teresa Coutinho, atriz e coordenadora do Clube dos Poetas Vivos, do Teatro Nacional D. Maria II (em Lisboa), conversa com Xullaji, engenheiro de som, rapper e ativista reconhecido pelas palavras que denunciam desigualdades sociais. O encontro está marcado no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett, no dia 3 de setembro, às 18h.
4. Conversas com autores de diferentes gerações
“Terrivelmente teimo em adorar a liberdade livre”. A afirmação de Rimbaud dá nome a este capítulo e serve de farol a conversas entre a escritora Inês Fonseca Santos e autores de diferentes gerações, como o músico Afonso Cruz (31 ago, 16h30) ou o escritor e argumentista Rui Cardoso Martins (2 set, 16h30). A propósito da recente publicação de Beat, uma coletânea de poesia compilada e traduzida por Adolfo Luxúria Canibal, o vocalista dos Mão Morta estará também na feira, para falar desta obra e das suas referências literárias, estando prevista a leitura de alguns poemas (1 set, 16h30).
5. Encontros à volta do humor
Manuel António Pina tinha um humor de “uma subtiliza extraordinária, e achou-se por bem fazer algumas abordagens nesse sentido”, explica Gesta. Entre as quatro apresentações “improváveis e contundentes”, onde figuram a poesia do Coletivo RIR, com Rui Spranger, Isaque Ferreira e Renato Filipe Cardoso (29 ago, 18h) e do coletivo O CoPo, de Paulo Condessa e Nuno Moura (31 ago, 21h), destaca-se a estreia da performance Uma grande Fantochada – Luísa Todi e Napoleão, uma tragédia em teatro de fantoches, de Hugo van der Ding, no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett (30 ago, 21h). Uma abordagem poética e cómica à carreira internacional da cantora lírica, apanhada nas malhas das invasões francesas. Será, certamente, uma crónica hilariante.
6. RAP Dá Explicações de MAP (Pro Bono)
Por falar em humor, outro momento alto desta edição será a presença de Ricardo Araújo Pereira (RAP) na Concha Acústica no dia 4 de setembro (19h). Foi no Jornal de Letras que, em 2011, RAP publicou um texto, ao qual deu o título “Poeta dá explicações de quotidiano (por 0,90€ ao dia)”, referindo-se a “Por Outras Palavras”, crónica de Manuel António Pina, na última página do Jornal de Notícias. RAP regressa assim à obra de Pina para explicar como o humor e a poesia podem dar mais sentido à vida.
7. Celebrar a palavra
Entre os onze projetos “desafiantes e distintivos, de sonoridades improváveis ao serviço da celebração da palavra”, estão os espetáculos de Mafalda Veiga (25 ago), Samuel Úria (2 set) e Filipe Sambado (9 set). João Gesta destaca ainda o concerto de A Garota Não (10 set) que fecha a Feira do Livro. Para o programador, é, talvez, neste momento “o projeto mais consistente entre os novos talentos, as novas vozes da música portuguesa.” Em 2022, A Garota Não lançou 2 de abril, álbum de homenagem ao bairro homónimo onde cresceu, em Setúbal. Este concerto, será mais “uma viagem social e política, de quem luta com o coração e dá corpo, alma e voz a um projeto absolutamente único.” Todos os concertos desta temática vão decorrer na Concha Acústica, às 19 horas.
Feira do Livro do Porto > Jardins do Palácio de Cristal, Porto > 25 ago-10 set, seg-qui 12h-21h, sex 12h-22h, sáb 11h-22h, dom 11h-21h > feiradolivro.porto.pt > grátis