O portão abre-se, pontualmente, às 21 horas. Mas é preciso que o dia dê lugar à noite para se ver, e sentir, o Parque de Serralves de uma outra forma. À segunda edição, o Serralves em Luz volta a inspirar-se “na Natureza, nos elementos e na biodiversidade para proporcionar uma experiência mais minimal e introspetiva”, explica Nuno Maya, que assume de novo a direção criativa da iniciativa, em articulação com a equipa de Serralves.
Ao todo, são 25 novas instalações de luz, alinhadas num percurso de três quilómetros, que vai do museu à Casa de Serralves, com passagem pelo Treetop, o passadiço ao nível da copa das árvores, e pela Casa do Cinema Manoel de Oliveira.
A entrada faz-se pelo pátio da Adelina, junto à livraria, para acompanhar depois um itinerário de sentido único, bastando para tal seguir as setas, e que integra algumas obras expostas no exterior. Uma outra visita que nos leva a locais, espante-se, ainda por explorar.
Através da utilização de múltiplas fontes e tecnologias, de baixo consumo, criam-se jogos de luz e de sombras que fazem emergir novos cenários, nas áreas centrais e norte do parque. Além dos 17 desenhos de luz originais, feitos por Nuno Maya para o Serralves em Luz, há quatro instalações dos lighting designers Sophie Guyot, Tamar Frank e Tilen Sepic, três instalações interativas do Coletivo OLAB e uma outra criada com o serviço educativo da Fundação de Serralves.
O trabalho desta equipa alargada começou logo no início do ano, pois tudo o que agora vemos foi criado de raiz, com o objetivo de ligar a Natureza à paisagem e à arquitetura. Assim acontece no Roseiral, um anfiteatro natural com a pérgola e a Avenida dos Liquidâmbares em fundo, assumindo esta última uma evidência dramática, pelas cores refletidas nos elementos botânicos. Mais à frente, a luz interior instalada nos teixos transforma-os em candeeiros naturais, fazendo-os sobressair da paisagem envolvente.
Uns metros adiante, já na levada, as esculturas luminosas da designer Tamar Frank contornam os imponentes eucaliptos, e, além de destacar o seu tamanho, proporcionam um momento sereno e contemplativo. Ultrapassado o extenso prado azul – o desenho de luz é inspirado na água dos seus charcos –, o caminho faz-se na companhia da sinfonia contínua das rãs. Segue-se uma instalação dinâmica, composta por 100 barras de luz, a dar-nos uma outra perceção da ilha existente no centro do lago. É hipnotizante ver esta espécie de abraço, de 360 graus, numa cenografia cintilante, que ilumina a Natureza em redor.
Para observar a instalação cinética do designer Tilen Sepic, e o seu movimento constante de esferas coloridas, aconselha-se seguir a direção do Treetop. Há ainda uma projeção de vídeo mapping, inspirada pelos fungos e plantas do parque, realizada por alunos da Escola Básica da Pasteleira, na Casa do Cinema Manoel de Oliveira; uma iluminação interior, de grande escala, com as cores quentes do fogo na Casa de Serralves e no Parterre Central, a contrastar com o azul frio do exterior; e uma escultura de raios laser na Avenida dos Liquidâmbares.
Um percurso mais intimista e introspetivo, que nos oferece uma outra perspetiva da beleza natural, e poética, do parque, agora contornado pela luz.
Até 31 de outubro, data em que termina o Serralves em Luz, haverá um programa paralelo de visitas orientadas, às quintas, sextas e sábados (acresce €2,50). Está também agendado um workshop de fotografia noturna no parque, orientado por Filipe Braga, até 13 de outubro (30 euros).
Museu de Arte Contemporânea de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > até 31 jul: seg-dom 21h30-24h; 1-28 ago: seg-dom 21h-24h; 29 ago-30 set: seg-dom 20h30-24h; 1-31 out: seg-dom 20h-24h > €12,50, bilhete família €9,50 (preço por pessoa para 2 adultos e 1 criança/adolescente 4 a 17 anos)