LISBOA
1. Dahlia, Cais do Sodré

Ao final da tarde, já há movimento no novo Dahlia, no Cais do Sodré. De copo na mão, os clientes vão circulando entre a rua e o interior, ao som da música – um dos ingredientes principais deste bar inspirado nos listening bars japoneses. Por isso, não é de estranhar que nas prateleiras, perto do balcão, haja cerca de quatro mil vinis que vão rodando pelo gira-discos ao longo da noite. E ouve-se aqui de tudo um pouco, do hip-hop ao jazz, do funk ao house, dependendo da disposição e da recetividade de quem por ali se senta, a beber e a petiscar. Aos cocktails da casa juntam-se os vinhos naturais, outra das grandes apostas do Dahlia, dos amigos David Wolstencroft, Hamish Seears, Tiago Oudman e Harrison Iuliano. Na carta, há cerca de 20 referências, de Portugal e do mundo (Espanha, França ou Nova Zelândia), para saborear com uma das sugestões pensadas para partilhar à mesa: beterraba curada, laranja e vinagreta de pistácios (€7,50), couve-flor caramelizada, chimichurri, creme de amêndoas (€8,50) e camarão selado, chilli bisque e kimchi (€10,50). No final, fica-se com vontade de voltar em breve para repetir esta dose de boa onda e de boa-disposição. Tv. do Carvalho, 13, Lisboa > T. 96 795 0102 > ter-sáb 18h30-1h (cozinha encerra às 23h)
2. O Bom, o Mau e o Vilão, Cais do Sodré

É bom voltar a sentar num dos sofás de veludo d’O Bom, o Mau e o Vilão, a ouvir uma banda ao vivo, enquanto se bebe um cocktail ou um copo de vinho. Após o encerramento provocado pelo incêndio, em 2018, e as interrupções durante a pandemia, o bar da Rua do Alecrim voltou a abrir as portas – definitivamente, esperemos! – aos clientes e à cultura. Ali, dependendo do dia da semana, a ação passa-se nas diferentes salas com decoração e cores distintas. Ora viramos a atenção para o pequeno palco, entre os quadros de Freddy Mercury, Jack Nicholson e Mick Jagger, no salão azul, ora para a mesa de mistura, encaixada numa espécie de biblioteca, na sala rosa. Para quem vai pela música, tome nota: os domingos são dedicados às bandas ao vivo; as segundas, ao jazz; as quartas são dias de tributo; e, às quintas, ouve-se blues. Às sextas e aos sábados, a animação está entregue aos DJ residentes. Por agora, o bar encerra à terça-feira, mas os proprietários estão a pensar abrir neste dia e trazer o cinema de volta. A última nota vai para mais uma novidade: com esta reabertura, há agora petiscos mexicanos, como quesadillas e tacos, para saciar apetites tardios. R. do Alecrim, 21, Lisboa > T. 91 557 3828 > dom-seg, qua-qui 18h-2h, sex-sáb 18h-3h
3. Salla, Chiado
O piso térreo do Palácio Chiado está mais descontraído e sem cerimónias. Decorado com cadeiras de veludo vermelho e balcões em mármore, chama-se agora Salla, e ali pode-se beber um copo e petiscar, ao som de música house. A carta aposta nos cocktails de autor – exemplo disso é o Green Lantern (€11,50), com gin, licor St. Germain, xarope de maçã, sumo de lima, manjericão, xarope de açúcar e clara de ovo – e nos petiscos: bowl de guacamole e nachos (€8), ceviche de garoupa e peixe branco (€15), entre outras sugestões. De quinta a sábado, entre as 19h e as 2h, solta-se a música com DJ residentes e convidados. No primeiro piso, subindo-se a escadaria do palacete do século XVIII, fica o restaurante que tem também uma nova ementa da autoria do chefe Manuel Bóia, com pratos de cozinha portuguesa e internacional.
R. do Alecrim, 70, Lisboa > T. 21 010 1184 > dom-qua 12h30-24h, qui-sáb 12h30-2h
4. Descarado, Doca de Santo Amaro

Quem disse que a noite em Lisboa só começa às três da manhã nunca passou à porta do Descarado à meia-noite. Aberto nem há dois meses, na Doca de Santo Amaro, o restaurante-bar já deu provas de conseguir cumprir a promessa que fez aquando da inauguração: trazer nova vida às Docas de Lisboa. Um brinde à vida é precisamente o que apetece fazer quando, ao final da tarde, os últimos raios de sol pintam o Tejo de rosa e transformam o Descarado no palco ideal para se contemplar o espetáculo. Mal o jantar acaba, por volta das 23h30, arrumam-se as mesas, levanta-se a música e dança-se noite adentro. Ao soar as doze badaladas, já há à porta uma fila de lisboetas desejosos de dançar ao som de clássicos dos anos 80 e 90, música latina, hip-hop e alguns dos mais recentes sucessos de música comercial. Na sexta e no sábado, a festa faz-se ao som do DJ residente João Sequeira que, às quintas, acolhe um DJ convidado. Nas próximas quintas-feiras, dias 21 e 28, será o DJ João Cruz a assumir os comandos. Doca de Santo Amaro, Armazém 14, Lisboa > T. 21 397 0109 > seg-qua 12h-1h, qui 12h-3h, sex-sáb 12h-4h
5. Lulu, Um Pub Bonito, Santos-o-Velho

As notícias sobre uma nova febre ao nível dos loucos anos 20 não são manifestamente exageradas. Sente-o a equipa do Lulu, Um Pub Bonito, de portas abertas, em Santos-o-Velho, desde a primavera e que, com o levantamento das restrições sanitárias, cumpriu finalmente o objetivo inicial: pôr todos a dançar. Com uma decoração art déco e um conceito inspirado na irreverente Louise Brooks, assume-se como um lugar de pure pleasure, nascido para quebrar conservadorismos. Todas as noites, os clientes são convidados a entrar para beber, petiscar, namorar e dançar, graças ao sempre infalível truque de subir a música e de baixar as luzes da sala à medida que a noite avança. A festa pode começar à mesa, de forma calma, com o menu de petiscos, em que se destacam o scotch egg (€8) ou o mini-Wellington (€12), e seguir depois para os cocktails de assinatura, todos com nomes de mulheres de garra. E que grande categoria é chegar ao bar e pedir um Samantha Fox, com gin, manjericão e pimenta-preta (€8), ou um Jane Fonda, um rum especiado com licor de figo e café (€9)! De quinta a sábado, há DJ na cabine. Cç. Ribeiro Santos, 31, Lisboa > T. 91 681 8955
ter-sáb 18h-2h
6. Gala Gala, Baixa

Máquinas de Arcade e música eletrónica. A combinação é bastante improvável, mas tornou-se real no Gala Gala, o novo bar na Baixa lisboeta, onde a nostalgia de andar com moedas nos bolsos para passar só mais um nível do Super Mario se mistura com a vontade de sair à noite para dançar, sem se chegar a casa de madrugada. Depois de quase dois anos de espera para abrir o bar, as fundadoras Ísis Freitas e Margaux Duroux têm observado, com algum entusiasmo, como se tornou orgânico jogar Pac-Man de saltos altos. Para contrariar o estigma dos velhos salões de jogos, trabalharam com o arquiteto Tiago Silva Dias na criação de um espaço moderno, em linha com a carta de comidas e bebidas. Para o menu de cocktails convidaram um mixologista de Ibiza, que teve o cuidado de desenhar um menu com alguns ingredientes portugueses, no qual se destaca, por exemplo, o Marguerite, uma infusão de tequila e piripíri, com mescal, coentros e lima. Há DJ, entre as quintas e os sábados, num registo musical que arranca no soul e funk e termina na eletrónica. R. dos Douradores, 120, Lisboa > T. 93 791 1946 >ter-qua 18h-24h, qui 18h-2h, sex-sáb 18h-3h
PORTO
7. M.Ou.Co., Bonfim
A música do mundo marcou a abertura do M.Ou.Co, no final deste verão. Num antigo armazém do Bonfim, o novo lugar da cultura do Porto junta sala de espetáculos, musicoteca, bar e ainda um hotel. Outubro trouxe outras influências e, no bar, deu-se início ao ciclo Na Boca do Sol, com Nuno Di Rosso, “divulgador nato das melhores paisagens sonoras”, diz Sofia Miró. Para a diretora cultural, este ciclo “é uma forma de fechar a tarde em grande estilo”. Com esplanada, jardins desnivelados e ambiente cosmopolita, servem-se aqui café com blend próprio, cocktails de autor (a partir de €6,50), como o Espresso Martini, sangria (€3,50/copo) e vinho (€2,50/copo), tábuas de queijos (€12) ou de enchidos (€11) e hambúrguer black angus (€10,50), ao som de uma playlist escolhida a dedo. Até ao final do ano, além de DJ sets-surpresa, na sala de espetáculos a música celebra-se com SONEG, um “minifestival” (5 e 6 nov) que terá Efterklang, banda dinamarquesa de rock experimental, e First Breath After Coma, grupo de indie rock nacional, como cabeças de cartaz, além dos concertos do britânico Scott Matthews (28 nov), da pianista polaca Hania Rani e dos Clã (20 dez), o primeiro com plateia em pé. R. de Frei Heitor Pinto, 67, Porto > seg-dom 11h-24h
8. Passos Manuel, Santo Ildefonso

Frente ao Maus Hábitos, e paredes-meias com o Coliseu do Porto, o Passos Manuel é muito mais do que um bar onde se vai beber um copo. Ali, ouve-se boa música e dança-se ao ritmo de DJ sets, e, no auditório, há concertos, palestras e sessões de cinema (depois de, na última semana, ter sido uma das salas do festival Family Film Project, em novembro, recebe o Porto/Post/Doc). “Tudo isso torna-o um lugar sui generis”, diz Becas, também conhecido como DJ Sr. Guimarães, proprietário do Passos Manuel e fundador do bar Aniki Bóbó. “Gosto de ocupar a sala com programas para a malta de espírito curioso, desperto, e sem ser elitista”, continua. No Passos Manuel, dividido em dois pisos, não existem playlists; recorre-se a DJ para as lives e, na pista, onde permanece a bola de espelhos, ouve-se música eletrónica e experimental de jovens criadores. Já nas bebidas, Becas orgulha-se de ter “um bar competente”, no serviço e na oferta, com “a maior coleção de uísques de malte da cidade”. R. Passos Manuel, 137, Porto > T. 22 205 8351 > qua-sáb 22h-4h
9. Torto, Cedofeita

No Edifício Árabe, localizado entre Cedofeita e os Aliados e a funcionar há menos de dois meses, o Torto abre ao final da tarde. Informal e disruptivo, tem paredes pintadas de verde-escuro, néones, bolas de espelhos e um mural do coletivo Crack Kids. Ao fundo, no bar, com bancos altos, desfilam as propostas dos bartenders José Mendes, João Costa, Levi e João Salgado. Além dos clássicos, há 12 cocktails de autor (a partir de €6) que levam os nomes de, por exemplo, JJ Make My Day, Voulez Vous Cognac Avec Moi ou LCC, fresco e equilibrado, à base de gin. A ligação à cozinha faz-se com uma carta de petiscos, inspirada pela tradição portuguesa e criada, de base, por Diana Barnabé e por Tiago Lessa, a dupla do Estúdio de Cozinha. Há croquete de cozido à portuguesa (€5/3 uni), bifana em brioche (€4) e jardineira em pão de batata (€6). A música é selecionada por Ana Pacheco e, nas noites de quinta e de sábado, por DJ convidados. R. José Falcão, 199, Porto > ter-dom 18h-2h, sex-sáb 18h-3h
10. Dona Mira, Bonfim

Foi por questões políticas que Carlos Fuchs e a mulher, Valéria Lobão, ambos músicos, deixaram o Rio de Janeiro, em 2018. No Porto, Carlos começou por integrar o Arda Recorders, como engenheiro de som, onde se mantém. No entanto, o casal queria “ter um lugar onde pudesse receber pessoas e cozinhar”. Embora diferente da Tenda da Raposa, o seu estúdio de gravação no Brasil, o Dona Mira combina café e bar numa ementa que inclui café de especialidade, cerveja artesanal, cocktails (a partir de €6), comida leve (tostas, saladas, tábuas e sanduíches, a partir de €5) e bolo do dia (de chocolate, cenoura, laranja, red velvet). Tudo isto, num lugar decorado tal como a sala de estar de uma casa. O Dona Mira tem sofás, recantos em que apetece ficar horas e, nas paredes, fotografias de Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Lenine… “A nossa ideia foi criar um café cultural, onde as pessoas se sintam tão bem como em casa”, diz Carlos, enquanto mostra parte da sua biblioteca pessoal, com mais de 400 títulos que estão à disposição dos clientes. Há também um canto para exposições e apresentação de livros. Da sala à esplanada, sente-se a vibe de estúdio, descontraída, onde qualquer músico pode desatar a cantar ou a tocar, sem aviso prévio. R. Duque de Saldanha, 431, Porto > T. 22 098 4768 > seg-sex 12h-22h, sáb 10h-22h
11. Plano B, Clérigos

Quase a completar 15 anos, o Plano B volta a ser um dos bares aonde quase todos vão parar quando a ideia é dançar até tarde. Depois de meses a improvisar em casa, os clientes já podem dançar nas duas pistas de olhos fechados. Contudo, é preciso paciência, pois a entrada é limitada, “para não haver muitas pessoas ao mesmo tempo”, explica Filipe Teixeira, um dos sócios da casa. À porta, pedem-se certificados digitais e testes negativos, para que todos possam celebrar este regresso com a alegria de sempre. Receoso de como as pessoas se iriam comportar, Filipe confirma que “acabou por correr tudo bem, neste agradável retorno”. Convém, pois, chegar cedo, para aproveitar as festas temáticas. Todas as quintas, até final do ano, no Cubo, haverá Nightshift com os DJ anfitriões Gusta-Vo, Serginho, Rui Trintaeum e seus convidados. Na Sala Palco, estará Badasses e, na Galeria, no primeiro piso, com mesas e sofás a puxar para a conversa, encontra-se João Barbieri. Confirmado está o Baile dos Loucos, neste sábado, 23, com DJ Legwarmer e Spielberg, enquanto Rui Maia (ex-Wife) aparecerá no próximo dia 30. Uma vez por mês, na cabine, estará João Semedo e Pixel82, dois dos DJ residentes. Nos bares, a par de caipirinhas e margaritas, rolam os cocktails (a partir de €6) criados por Hélder Marinho. R. Cândido dos Reis, 30, Porto > T. 22 201 2500 > qui-sáb 22h-6h > a partir de €5, depois das 24h
12. The Royal Cocktail Club, Baixa

Descemos a Rua da Fábrica, olhamos para as artérias em redor e nada parece ter mudado. Há esplanadas montadas no passeio, música em volume q.b. nos lugares do costume, as conversas correm soltas. “Parece que se fez pausa seguida de play”, diz Miguel Camões, proprietário de The Royal Cocktail Club e que também já reabriu a Vermuteria da Baixa e o The Gin House. Em breve, estará a funcionar o Bierhaus, bar de cerveja artesanal. “Esta é uma zona muito eclética, onde todos encontram o seu lugar”, continua. Na verdade, à exceção do álcool-gel à entrada, no Royal está tudo igual, mantendo-se a ligação à rua, a decoração em tons de castanho e de bronze, o ambiente informal e descontraído. A carta continua dedicada, em exclusivo, aos cocktails (a partir de €7,50), com 30 opções distintas, 16 das quais são criações de autor. Entre estas está o refrescante Blossom, o aromático The Formula e o cítrico, e mais pedido, E.L.S.A. José Robertson, Ismael Santos, Nelson Matos, Pedro Guedes e Rui Barata são os bartenders que nos recebem à porta e nos acompanham até à mesa. Quem chega sozinho é convidado a sentar-se ao balcão. Ali, observa-se a perícia e a rapidez na preparação dos pedidos. “Quero ver gente feliz e de copo cheio”, diz José, que deixou o Cinco Lounge, em Lisboa, para viver uma “experiência diferente”. Os clientes agradecem. R. da Fábrica, 105, Porto > T. 22 205 9123 > dom-qui 18h30-2h, sex-sáb 18h30-4h