O Jamaica, o Tokyo e o Europa, clubes históricos e marcantes da noite de Lisboa, vão deixar definitivamente a Rua Nova do Carvalho (mais conhecida como Rua Cor-de-Rosa) e mudar-se para o Cais do Gás, o quarteirão atrás da Estação de Comboios do Cais do Sodré e ao lado da estação fluvial, ocupando três armazéns frente ao Tejo.
A mudança resulta de um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa, proprietária dos armazéns (em terreno da Administração do Porto de Lisboa). Os projectos de arquitetura e as obras, que começam em março e terminam em novembro, são custeados exclusivamente pelos três clubes.
Mantendo a sua personalidade, os novos Jamaica, Tokyo e Europa vão ter áreas maiores, melhores e mais seguras (675 metros quadrados, no total, repartidos em partes iguais pelos três), juntando-se a outros bares e discotecas na zona. É o caso do B. Leza, clube noturno ligado à comunidade e à cultura cabo-verdiana, e do Titanic Sur Mer, de Manuel João Vieira, conhecido pela diversidade e qualidade da programação musical
Fernando Neto Pereira, co-proprietário do Jamaica e do Tokyo e arquiteto dos projetos, confessa à VISÃO Se7e, ver nesta mudança o fim da Rua Cor-de-Rosa, tal como ela é conhecida. “As três maiores potências vão sair daquela zona. Quem vai ficar a ganhar é a faixa que se estende junto ao rio, porque vai passar a ser a melhor zona noturna de Lisboa. Foi para isto que investi meio milhão de euros em cada um dos meus bares”, sublinha Fernando Pereira, filho de um dos fundadores do mítico Jamaica, que em 2021 celebra 50 anos.
Depois de anos complicados, com ordens de despejo, vários processos em tribunal e, mais recentemente, com a pandemia e consequente encerramento da vida noturna, a esperança está à vista. O projeto insere-se na área designada pela Câmara Municipal de Lisboa para a animação noturna, com o objetivo de ordenar o território, e colocar os principais bares e discotecas do Lisboa na mesma zona.
Fernando Neto Pereira afirma ainda que a noite lisboeta só terá a ganhar: “Deixarão de existir problemas com a vizinhança e limitações de som. Haverá estacionamento perto, os clubes terão áreas bastante mais apelativas e será possível manter a ligação ao Cais do Sodré-Bairro Alto”.
Pedro Vieira, proprietário do Europa, também aponta aspetos positivos nesta mudança, desde logo a possibilidade de trazer mais clientes. O espírito, garantem Pedro Vieira e Fernando Neto Pereira, será o mesmo: os clássicos da pop-rock no Jamaica, concertos no Tokyo e a música electrónica no Europa.
Até à abertura – que se prevê nos últimos dois meses de 2021, se a pandemia o permitir -, no site Cais do Gás podem ver-se os projetos para cada um dos clubes, acompanhar-se o processo de construção e ainda assistir-se à transmissão de DJ sets (Jamaica e Europa) e concertos (Tokyo), em streaming.