Com a programação cancelada, e para não deixar cair uma iniciativa que tem como objetivo repensar a indústria têxtil, a maneira como produzimos e consumimos, a Fashion Revolution Week virou-se para o digital. A partir desta segunda, 20, e até sexta, 26, na conta de Instagram do Fashion Revolution Portugal, assim como nas contas dos vários participantes, vai decorrer um conjunto de conversas e debates sobre vários temas ligados à sustentabilidade e ao comércio local, entre outros.
Do programa, fazem parte uma série de entrevistas orientadas por Joana Guerra Tadeu, na sua página de Instagram. Esta ativista do consumo consciente, da produção ética e do que é português, fala esta segunda, 20, às 17 horas, com Joana Sternberg, fundadora do projeto Mind The Switch, um mercado de troca de roupa que dá oportunidade de trocar peças de vestuário de que já não se gosta, ou simplesmente não servem, por outras, e assim, compor um guarda-roupa sustentável. O consumo sustentável na moda é, aliás, um dos assuntos que mais vezes vai ser abordado durante a semana. Noutras conversas, Joana Guerra Tadeu junta-se a Carla Belchior, da loja A Outra Face da Lua, um dos primeiros negócios de vestuário e acessórios em segunda-mão em Lisboa (ter, 21, às 17h); e com Vanessa Rosa (Peggy Heart), que vai entrar em direto para ensinar a olhar para as peças do nosso guarda-roupa, dando como o exemplo o dela.
Um dos focos da Fashion Revolution Week é a sensibilização para o verdadeiro custo da roupa, tendo em vista um futuro mais sustentável. Na página do movimento, no direto sobre Transparência no Estado de Emergência (seg, 20, às 18h), Salomé Areias, coordenadora do projeto em Portugal, “espera contar a verdade sobre o que se está a passar na indústria têxtil portuguesa, como estão a viver os pequenos negócios, face à interrupção da atividade económica”, com a ajuda de diversas marcas, novos designers, pequenos empresários, estudantes. O assunto será abordado também na intervenção de Katarina Mota (@greentagfilm), numa conversa sobre O Impacto da Crise nas Marcas Sustentáveis (qui, 23, às 18h).
O movimento ativista Fashion Revolution foi fundado em Inglaterra, após o colapso do complexo têxtil Rana Plaza no Bangladesh, a 24 de abril de 2013, onde morreram cerca de 1 100 trabalhadores, que produziam para grandes marcas de vestuário internacional. Uma das suas campanhas procura dar resposta a uma pergunta aparentemente simples: “Quem fez a minha roupa?” É aqui que se encaixam os debates sobre a Exploração Laboral em Portugal e o Feminismo na Escravatura Moderna, que têm lugar no dia 24, data em que o Rana Plaza veio abaixo.
Ao longo da semana, a Fashion Revolution Week há de fazer ainda a ponte com outras áreas que não a do têxtil, mas sempre ligadas à sustentabilidade e à redução do consumo. É o caso do direto com Eunice Maia da Maria Granel, mercearia bio a granel em Lisboa, na quarta, 22, às seis da tarde; e do direto com Joana Seixas, que na sua página de Instagram @_shes_green_, vai dar dicas sobre como reduzir a nossa pegada ecológica, falando de vários materiais sustentáveis. Uma semana de conversas, dicas e debates para nos pôr a pensar sobre quem faz a nossa roupa e que amor temos afinal por ela, se estamos sempre a descartá-la!