A manhã ainda nem vai a meio e já a pista de skate está repleta de adolescentes que treinam manobras e saltos elaborados. Na parede de cores garridas, cenário das acrobacias, leem-se as palavras escolhidas pelo designer espanhol Antonyo Marest, em parceria com o estúdio português Halfstudio, pintadas num extenso mural: Alegria, Sonha, Sorrir, Have Fun, Love. São os mantras de uma geração 2.0 que vive de partilhas, imagens, movimento e inovação. E que, cada vez menos, gosta de ir a centros comerciais.
Não terão de o fazer no The Hood, o anti-centro comercial (em inglês anti-mall) que abriu as portas no final de novembro, na praça central do UBBO, antigo Dolce Vita Tejo, na Amadora. O projeto, dividido em quatro áreas (retalho, alimentação, lifestyle e zona de eventos culturais), apresenta-se como um bairro cool, com lojas e restaurantes dentro de contentores coloridos, ruas onde a arte se mimetiza com as paredes, o teto e o chão, e em que se pode jogar basket ou andar de skate.
Neste bairro, a arte urbana é tão importante que até tem curadoria, a cargo da plataforma Mistaker Maker, responsável pela escolha dos artistas e designers que intervencionam o The Hood. Além do mural de Antonyo Marest e da Halfstudio, nas paredes há cartazes do artista Walking Fearless (João Miranda), que se animam com uma app de realidade aumentada. Os tetos foram entregues ao espanhol Spidertag, autor de uma instalação luminosa cuja cor pode ser escolhida através de uma app, e à designer portuguesa Aheneah, criadora de uma instalação feita com pregos e fios. Nem o chão escapou à onda criativa – saúda os visitantes com um enorme Bem-Vindos, desenhado pelo artista Monk (João Varela).
As lojas do The Hood refletem a cultura urbana: Ericeira Suf & Skate, Hurley e M.Oculista LX são algumas das marcas presentes. Mas também é possível cuidar da barba na BarberFactory, fazer uma tatuagem na Alternative Tattoo Society e praticar yoga no The Therapist, que abrirá no início de janeiro. Para conhecer melhor os vizinhos, nada como desafiá-los para um jogo de basquete, pingue-pongue, matraquilhos (as bolas e as raquetes podem ser requisitadas na Ericeira Suf & Skate), ou um dos 2 223 jogos gratuitos das máquinas Arcade disponíveis ali mesmo.
À hora do almoço ou do jantar, as propostas que se encontram nas ruas do The Hood são muito variadas. Há cozinha italiana no Don Ciccio Pizzaria, cachorros quentes no Frankie Hot Dogs, barbecue no Ribs & Company e frango assado no Cucurico, que podem ser acompanhados pela cerveja da Musa ou os cocktails do Neighborhood. Como em todos os bairros, nem toda a gente come fora, há quem traga de casa e se junte nas mesas com bancos corridos da área Chillair. É também nesta área que se realizam concertos, dj sets e workshops de hip-hop. É caso para dizer que a street art chega sob todas as formas ao The Hood, confirmando a preocupação que o projeto tem em potenciar o desenvolvimento da área suburbana de Lisboa. E fazendo chegar a cultura às periferias.
The Hood > Avenida José Garcês, Amadora > seg-dom 10h-23h