Roubo o título a Sophia de Mello Breyner porque depois de perambular pelo Jardim França Borges fico como a poetisa: sem vontade de gastar tempo com retórica. E ainda porque, chegada a um novo ano, sinto ser este o momento de me deixar de rodriguinhos. Sim, escrevi “França Borges”, mas não quero imaginar o ilustre republicano ofendido e às voltas debaixo de terra; se o fiz foi só para avisar ao que vinha esta croniqueta.
Jardim do Príncipe Real, Praça das Flores, Jardim da Estrela, Jardim da Burra, Jardim das Amoreiras e até mesmo Jardim da Parada, embora lá em casa continue a ser conhecido por “dos patos”… Sei de cor e salteado que os seus nomes oficiais são França Borges, Fialho de Almeida, Guerra Junqueiro, 5 de Outubro, Marcelino Mesquita e Teófilo Braga, mas se os usasse seria recebida por uma caterva de sobrolhos franzidos.
Se é verdade que o saber não ocupa lugar, todas as criancinhas de Lisboa deviam era aprender que na segunda metade do século XIX existia um leão a sério no Jardim da Estrela e, já agora, quem foi Guerra Junqueiro. Mas sonho com o dia em que o Príncipe Real será mais conhecido como Jardim do Cedro, e nesse dia baterei palmas – é sinal de que o enorme cedro-do-buçaco mais o seu lindíssimo caramanchão de ferro ainda por lá dão sombra.