Nasceu em Sevilha há 67 anos mas em 2010 pediu nacionalidade portuguesa. Jornalista, tradutora e guardiã do legado de José Saramago, Pilar del Río preside desde o início à Fundação criada pelo escritor há dez anos. Estes são os seus lugares de eleição
1. Farta Brutos, Lisboa As paredes do restaurante Farta Brutos, no Bairro Alto, refletem algumas conversas do escritor José Saramago, com quem Pilar foi casada até à sua morte, em 2010. “Durante anos foi o lugar onde ele recebia amigos do mundo todo e com os quais partilhava pataniscas de bacalhau”, diz Pilar del Río que ainda frequenta o restaurante e a mesma mesa onde se sentava o escritor.
2. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa “É preciso viver nos museus”, diz Pilar del Río. Aqui, entre uma pincelada de Bosch ou de Nuno Gonçalves, destaca “o caos, a ordem e a necessária beleza”. “No mundo que há num museu cabem todas as perceções que fora da sala são inimigas”, diz Pilar.
3. Casa dos Bicos, Lisboa É pela modernidade e pela História que Pilar del Río, escolhe a Casa dos Bicos, edifício sede da Fundação José Saramago. “Gosto de sentir que estamos sobre pedras fundacionais de Lisboa, do tempo em que a cidade se chamava Olisipo ou Olisibona. A arquitetura e as funções desempenhadas hoje na Casa dos Bicos dão solenidade ao passado”, explica.
4. A sua casa Da sua casa, em Lanzarote, destaca a vista da janela do seu escritório: “Vejo o mar em frente, a paisagem vulcânica à direita, casas à esquerda, ouço o latido de um cão ao longe, sinto o sol sem freio. Falta apenas a imortalidade. E talvez voar”
5. Rio de Janeiro, Brasil Ter visto o amanhecer a partir de um apartamento alto na praia de Copacabana, foi um momento que a marcou durante uma passagem pelo Rio de Janeiro
6. Azinhaga Santarém Quando se sai da A1, por Santarém, em direção à Azinhaga, terra natal de José Saramago, é preciso ter cuidado com o caminho. Ou não, diz Pilar, que gosta de se perder por estas estradas que serpenteiam. “Às vezes veem-se papoilas, outras vezes só o verde que nasce de um rio, talvez o Almonda. Chegar a Azinhaga após estar perdido é descansar por duas vezes.”