Que imagem guardamos nós da Índia? A do gigante da tecnologia, país sobrepopulado e uma das novas potências económicas mundiais? A do hinduísmo, com o seu sem número de Deuses, avatares e outras figuras teológicas? A da grandiosidade do Taj Mahal ou dos rituais do Rio Ganges? Ou a da curiosa indústria cinematográfica de Bollywood?
É para combater algumas destas noções estereotipadas e, até certo ponto, redutoras, que se organiza no bairro do Lumiar, em Lisboa, desta sexta-feira, 24, a domingo, 26, o festival Nova Luz da Índia, uma iniciativa que se pretende um portal para a diversidade e riqueza cultural que o país oferece. “Geralmente, no Ocidente, as pessoas têm uma visão muito mística daquilo que é a Índia”, explica Tarikavalli, organizadora do festival. “Mas não se resume apenas a isso. Com esta iniciativa queremos criar pontes culturais entre as realidades daqui e de lá”, acrescenta.
Bailarina e professora de danças tradicionais indianas como o Bharatanatyam, Tarikavalli dedica-se há anos em Portugal à preservação e difusão dos costumes do seu país. Agora, procura reforçar esses esforços com a realização do festival Nova Luz da Índia, através de mostras de filmes, concertos, danças, palestras e mostras de gastronomia. Apesar da Índia “ter um lugar muito especial no coração dos portugueses, devido a uma ligação cultural com mais de 500 anos de história”, Tarikavalli acredita que há sempre espaço para conhecer melhor “a sua grande variedade cultural, linguística, religiosa e artística”.
As atividades, todas de entrada livre, decorrem no Auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras. Ao longo do fim de semana serão apresentados três filmes, relativos, respetivamente, à dança, ao teatro e à música da Índia: The Nine Movements of the Eyelid, Surabhi Family, In Life In Drama e The Call of the Maestro. Entre eles, haverá ainda tempo para duas palestras da doutora convidada Vinod Verma acerca da Ayurdeva, uma “forma de medicina alternativa que encara o ser humano como um todos e os problemas holisticamente – a união entre o físico, o psicológico e o emocional”, descreve Tarikavalli.
Na sessão inaugural, na sexta, 23, destaca-se a performance Tantrinupurashca, uma elisão entre danças tradicionais indianas (Bharatanatyam, Kathak e dança de fusão) e um espetáculo musical com violoncelos e sitar – uma sessão seguida de receção com chá e petiscos indianos. No sábado, mais um concerto com contornos orientais, Nadabrahma: uma dupla de violinos, acompanhados da tabla e do mrindangam, interpretam música clássica da Índia.
“Acredito que podemos disfrutar de algo diferente daquilo em que acreditamos se tiver uma mensagem ou uma riqueza que nos apela”, diz Tarikavalli. “O festival será a descoberta de um país maravilhoso.”
Festival Nova Luz da Índia > Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro > Estrada de Telheiras, 146, Lisboa > T. 21 817 2660 > 24-26 mar, sex-dom > grátis