Será um caracol? Uma rosa? Uma tira de papel a desenrolar-se em várias direções? Visto de longe, o edifício escultórico, a 800 metros da linha da costa, deixa uma forte marca na paisagem da marginal de Matosinhos. Inaugurado a 23 de julho de 2015, o terminal de cruzeiros do Porto de Leixões, desenhado pelo arquiteto Luís Pedro Silva, tem merecido rasgados elogios e, pelo caminho, arrecadado alguns prémios (Melhor Porto do Ano pela Seatrade Awards 2015, a distinção da canadiana AZAwards, a classificação como melhor projeto público pelos prémios da Revista Construir e também a distinção da VISÃO Se7e). Quem se aproxima, fica igualmente impressionado pelo revestimento com azulejos hexagonais, dispostos de forma irregular, brilhando com os reflexos do sol como se fossem as escamas de um peixe. Os motivos de deslumbre sucedem-se e culminam no anfiteatro exterior, no topo do edifício de oito pisos, com uma vista arrebatadora de toda a costa. As imagens expostas no ArchDaily – o site de arquitetura mais visto do mundo – espelhavam bem a fotogenia do projeto, acabando por merecer a votação do público.
A conquista do prémio na categoria de melhor edifício público foi anunciada esta terça-feira, 7. “É com um enorme orgulho que recebemos a notícia da eleição do Terminal de Cruzeiros como ‘Edifício do Ano’ entre inúmeros projetos de renome internacionais”, salienta Emílio Brògueira Dias, presidente da APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, responsável pela gestão. O investimento foi considerado decisivo para a promoção do setor dos cruzeiros na Região Norte de Portugal e a expectativa era que fosse colocado no mapa das principais rotas de cruzeiro da Europa. Para 2017, as expectativas são altas, esperando-se o melhor ano de sempre em escalas de navios cruzeiros. Por concluir, está ainda o passadiço de ligação à praia do Titan (há apenas um acesso provisório), no centro de Matosinhos, permitindo que o edifício esteja acessível ao público em geral. Os curiosos, esses, têm de se limitar às visitas de grupo organizadas.
Também a Casa Cabo de Vila, em Paredes, um edifício concluído em 2015, da autoria do atelier Spaceworkers (com estúdio na mesma localidade), ficou em primeiro lugar na categoria “casas”. Um projeto impactante em betão, madeira e vidro, construído para um jovem casal com gosto pela arquitetura contemporânea, numa imensa envolvente verde. Esta é a segunda conquista da dupla de arquitetos Rui Dinis/Henrique Marques nos prémios ArchDaily. Já em 2015 tinham vencido, na mesma categoria, com o projeto da Casa de Sambade, em Penafiel. “É um reafirmar da qualidade do nosso trabalho, que espero que nos dê projeção”, comenta Rui Dinis. E é mais uma prova do valor da arquitetura portuguesa.