Bernardino Aranda vai logo dizendo que não é alfarrabista, para início de conversa sobre a Tigre de Papel, na Rua de Arroios, em Lisboa. Esta ideia de abrir uma livraria com uma grande oferta de livros em segunda mão surgiu, sim, para furar um mercado que diz virado sobretudo para o mainstream, pouco diversificado, e no qual as pequenas edições e os autores menos conhecidos não têm lugar. E, pegando em Antologia da Poesia do Período Barroco, de Natália Correia, exemplifica: “Para as editoras, não compensa reeditar um livro específico. Fazem a obra completa e põem à venda na Fnac e nos hipermercados. Com tantos livros bons por aí, que as pessoas já não querem, porque não pô-los a circular?”.
A Tigre de Papel abriu em meados de junho e, nas suas estantes, também têm lugar livros novos – de pequenas editoras, de editores independentes, edições de autor e até títulos da extinta Campo de Letras. Dos que esperam novos leitores, há de todos os géneros – ficção, ensaio, policial, culinária, poesia, sociologia, política – e para todas as idades.
A ajudar a dar balanço, e porque esta é uma livraria que também quer ser ponto de encontro, está a programação regular. José Saramago é o “Autor do Mês”. Depois de Pilar del Rio ter vindo falar sobre o papel das figuras femininas na obra do escritor, António José Borges vai estar à conversa sobre o seu livro José Saramago – Da Cegueira à Lucidez (20 out, qui, 18h) e, para as crianças, haverá uma leitura de O Conto da Ilha Desconhecida (22 out, sáb 16h), fechando-se o mês com uma adaptação musicada de uma das crónicas do livro Deste Mundo e do Outro.
Todos os meses, a Tigre de Papel escolhe um escritor que dá tema a conversas, leituras para crianças e encontros musicais. Convidar autores que moram no bairro de Arroios é outro dos objetivos da nova livraria, como o Padre Tolentino de Mendonça que, a 10 de novembro, apresenta a sua obra poética.
Tigre de Papel > R. de Arroios, 25, Lisboa > T. 21 354 0470 > seg-sáb 13h-20h