Já teve o chão coberto por cascas de amendoins, baloiços perto do balcão e um público mais masculino. Hoje, o Sétimo Céu, um dos bares gay mais antigos do Bairro Alto, em Lisboa, apresenta um público mais diversificado e festas temáticas que se renovam quinzenalmente (as Viadage, assim se chamam), sempre à sexta-feira.
Para a grande festa dos 20 anos, que se celebram esta sexta, 13, a partir das 22 horas, e que terá como lema “Love is in The Air“, o bar “vestiu-se“ a rigor. “Fizemos algumas renovações e cobrimos o teto com luzes led, entre outros pormenores“, diz Júlio César, um dos proprietários do Sétimo Céu. Há várias surpresas reservadas, mas nem todas podem ser reveladas. Sabe-se, para já, que até às três horas da madrugada, os notívagos “veteranos“ e os novatos vão poder dançar ao som da dupla de djs Mavery, entre as 22 horas e as 24 horas, seguindo-se Pietro até ao encerramento – após esta hora a a celebração continua na pista de dança da discoteca Trumps, no Príncipe Real.
Ao longo destas duas décadas, Júlio César assistiu aos momentos gloriosos e a um certo declínio do Bairro Alto – e a uma mudança de atitude nas mentalidades e atitudes das pessoas. “Tem sido um carrossel, mas é um balanço positivo. Desde que abrimos, a 13 de maio de 1996, que tivemos sempre as portas escancaradas. O que era uma novidade nesta altura. Os outros bares gay que existiam funcionavam de portas fechadas, era preciso tocar à campainha para entrar”, relembra Júlio César. “ Hoje é, também, uma casa cada vez mais heterogénea. Apesar de quem cá vem saber que é um bar gay”, avisa Júlio César, que trocou o Brasil por Portugal há cerca de 30 anos e que passou os últimos 25 pelo Bairro Alto (primeiro a trabalhar na antiga Casa dos Loucos, que atualmente é o bar Clube da Esquina, e só depois no Sétimo Céu).
Houve muitos momentos marcantes na vida deste bar, mas são as festas inspiradas nos 50 anos da cantora Madonna e no filme Brokeback Mountain, sobre um relacionamento romântico entre um casal do mesmo sexo, que Júlio César recorda com mais afinco. Há seis anos que deixaram de servir os amendoins – e que já não se baloiça no Sétimo Céu. Mas há coisas que se mantêm exatamente iguais: as caipirinhas, os mojitos e as morangoskas.
Sétimo Céu > Tv. da Espera, 54, Lisboa > 13 mai, sáb 22h-3h