À sexta licitação em hasta pública, o Palacete Pinto Leite foi adquirido por 1,643 milhões de euros pela sociedade Títulos e Narrativas, cujos representantes são o empresário António Moutinho Cardoso e António Oliveira, empresário e ex-selecionador nacional de futebol. Dois fervorosos colecionadores de arte que, à saída dos paços do concelho do Porto, esta manhã de terça, 16, não quiserem adiantar o que têm pensado para o edifício onde outrora funcionou o Conservatório de Música do Porto. “Amamos profunda e loucamente o Porto e quisemos desenvolver um projeto digno para o Palacete, aberto à cidade, na área da cultura”, declarou António Moutinho Cardoso.
A base de licitação era de 1,550 milhões de euros e, durante breves minutos, a compra do imóvel municipal foi disputada pela Young Winds from Funchal (sociedade com ligações a empresários chineses). Para Moutinho Cardoso, que nos registos aparece como sócio gerente da sociedade unipessoal Títulos e Narrativas (criada a 12 de fevereiro deste ano), “é muito importante que um edifício com esta história, onde se formaram grandes personalidades do mundo da música, fique com pessoas do Porto”. “Vamos ter um ex-líbris que integre o roteiro cultural da cidade”, acrescentou. Isto porque, entre as condições especiais de venda postas pelo município do Porto, estava a obrigação do comprador “destinar o prédio exclusivamente a fins de natureza cultural, artística e afins”. À porta da sala onde se realizou a hasta pública, os colecionadores confidenciaram que há vários anos pensavam no que poderia ser feito pelo palacete. “Queremos avançar já, mas iremos com calma e respeitaremos as características originais do edifício e do jardim, que é outra das grandes mais-valias”, disse Moutinho Cardoso.
Segundo dados fornecidos pela autarquia, o prédio foi construído em 1937 e tem uma área total de terreno de 6510 metros quadros. Depois de ter albergado, até 2008, o Conservatório de Música, viria a ser ocupado pontualmente por iniciativas culturais e de lazer. O imóvel municipal já tinha sido integrado, em 2014, numa lista do património municipal que a autarquia pretendia alienar pelo valor base de licitação de 2,5 milhões de euros. Certo é que esta é a primeira vez que chega a hasta pública, por um valor significativamente inferior. Aquando da procura da sede portuense da Fundação Sindika Dokolo, este edifício foi uma das hipóteses consideradas pelos angolanos, que acabaram por adquirir a que ficou conhecida como a Casa Manoel de Oliveira.
Recorde-se que António Oliveira adquiriu recentemente outro edifício emblemático da cidade, onde funcionou o histórico café A Brasileira, com a intenção de o reabilitar e de ali abrir um hotel de cinco estrelas. Segundo informação divulgada ontem no site Publituris, a unidade deverá abrir no último semestre de 2017.