1. Ilíada – O Pomo de Discórdia
Vários autores
Os mitos são eternos porque são constantemente reescritos. Com um público cada vez maior, a Nona Arte não tem passado ao lado desse fenómeno. Foi com esse objetivo e consciência que Luc Ferry criou uma coleção de BD sobre os principais mitos e a sua sabedoria. Chega-nos agora uma adaptação da Ilíada, de Homero, obra fundadora do cânone ocidental. O projeto está dividido em três partes – O Pomo de Discórdia é a primeira – e cada uma inclui um ensaio em que o filósofo francês destaca a antiguidade e atualidade da narrativa, aqui desenhadas por Didier Poli, Clotilde Bruneau e Pierre Taranzano. Uma excelente introdução à disputa entre gregos e troianos, à cólera de Aquiles e à bravura de Heitor. Gradiva, 64 págs., €20,90
2. Quentin por Tarantino
Amazing Ameziane
Quentin Tarantino não precisou de chegar à meta de dez filmes para se tornar um realizador de culto. Bastou-lhe, aliás, fazer os dois primeiros filmes, Reservoir Dogs e Pulp Fiction, e o argumento de True Romance. Ao misturar referências clássicas e populares e ao convocar o mundo dos filmes de série B, o realizador marcou os anos 90 e criou um universo pessoal e inimitável. De todas as biografias que têm sido publicadas, Quentin por Tarantino é, seguramente, uma das mais originais. É uma BD biográfica que percorre todos os passos e pontos de viragem da sua carreira, ao nível tanto pessoal (a infância, a dedicação total ao trabalho, as amizades, o casamento tardio…) como artístico. Ao jeito dos documentários, um Tarantino desabrido explica o seu universo, as suas obsessões, referências, ideias e técnicas. No centro de tudo, os filmes e a vontade de tocar em todos os géneros. Uma BD inspirada e sedutora para fãs do realizador ou para quem o quiser descobrir. Edições ASA, 248 págs., €29,90
3. Patos
Kate Beaton
A história e o desenho são simples, mas escondem várias camadas de vida. Nascida em 1983, no Cabo Bretão, no Canadá, Kate Beaton viveu o sonho do mundo capitalista e contraiu um empréstimo para pagar o curso superior. Mas, como se achou com uma enorme dívida entre mãos, teve de arranjar vários empregos. Rumou, por isso, às indústrias petrolíferas canadianas, em que trabalhou por dois anos. A novela gráfica autobiográfica Patos é o extraordinário relato dessa experiência. Kate conheceu as consequências da exploração do petróleo, as péssimas condições de trabalho e o assédio sexual que ninguém valorizava. Um testemunho de solidão e de sobrevivência, que apela a consciencialização do leitor num mundo com alterações climáticas e sociais. Relógio d’Água, 440 págs., €26
4. Mafalda: Feminino Singular
Quino
A imortalidade de Quino – e, em particular, da sua personagem mais célebre, Mafalda – também se mede pela forma como as suas tiras se tornam altamente citáveis, ainda que descontextualizadas e transferidas para outras paragens e outros tempos. Ora, veja-se: “Os novos ventos que sopram são muito saudáveis. Este maldito cheiro a naftalina é que é de lamentar”, diz a menina, rabugenta e maldisposta, criada pelo argentino. Feminino Singular coincide com os 60 anos da personagem e reúne as vinhetas dedicadas à luta pelos direitos das mulheres. Como é sabido, Mafalda não se fica e não perde uma oportunidade de questionar o lugar da mulher no mundo. Até porque irreverência é coisa que nunca lhe falta: “Mamã, até que idade tenho de te obedecer?”. S.B.L. Iguana, 112 págs., €13,95