Basta ler o título do disco para chegarmos ao sítio certo: este é um trabalho marcado pelas ilhas, reais ou metafóricas. A começar pela selvagem Jura, na Escócia, onde Insular foi gravado em junho e julho deste ano. A viagem é, também, da própria Aline Frazão, nascida em Luanda há 27 anos, que neste terceiro disco procurou sair da sua zona de conforto, mas sem abdicar de um estilo próprio cada vez mais bem definido. Além de levar a sua africanidade, suave e solar, para uma ilha de brumas escocesa, Aline foi buscar um músico de um universo que lhe é, à partida, distante: o guitarrista Pedro Geraldes, uma das peças do rock enérgico e denso dos Linda Martini. O seu estilo é particularmente notado numa faixa (A Louca) que se distingue de todas as outras também por ter letra de Capicua, que criou uma espécie da Etelvina (a personagem de Sérgio Godinho) a quem a vida deu ainda mais para o torto. A escrita de Aline é segura e apurada. Em Sol de Novembro – “brincando de artista…” – faz uma homenagem declarada ao poeta angolano Viriato Cruz e em O Homem que Queria um Barco partiu de d‘O Conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago. E é também comprometida, sem nunca ser panfletária: Langidila é dedicada à ativista do MPLA Deolinda Rodrigues (1939-1967).
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