Entre 1 de dezembro e 6 de janeiro, foram admitidos na Assembleia da República seis trabalhadores por cedência de interesse público. Isso significa que entraram sem concurso público e que, mantendo o vencimento que auferiam no setor privado, recebem mais do que ganhariam se tivessem sido recrutados para a carreira de assessor parlamentar. A sucessão de contratações feita pela nova secretária-geral, a juíza desembargadora Anabela Cabral Ferreira, está a gerar mal-estar entre os funcionários do Parlamento e, num dos casos, levou mesmo a representante dos trabalhadores a pedir explicações numa reunião do Conselho de Administração.
Nas atas das reuniões do Conselho de Administração, nas quais se aprovaram as cedências de interesse público, a que a VISÃO teve acesso, a explicação para este método de recrutamento é a “necessidade de reforçar a equipa (…) até que venham a ser preenchidos os postos de trabalho vagos na carreira de assessor parlamentar por via de procedimentos concursais de ingresso”. É o que consta, por exemplo, na ata que justifica a contratação de duas pessoas para a Divisão de Aprovisionamento e Património. As duas funcionárias, uma jurista e uma arquiteta, começaram a exercer funções na primeira semana de dezembro de 2024. Mas, até a VISÃO ter questionado a Secretaria-Geral da Assembleia da República sobre estas contratações, no início da semana passada, ainda não tinha sido aberto qualquer concurso para estas vagas.
