Mal se entra no lobby, é difícil desviar os olhos do Douro, da Ponte Luiz I, da serra do Pilar, da Sé ou da Igreja de São Francisco, tantos são os monumentos do Porto e de Vila Nova de Gaia que se observam do The Rebello. Um invulgar retrato de 180 graus, das duas margens do rio, deste cinco estrelas, que, arriscamos, será um sério candidato a hotel com melhor vista. O nome para os quatro edifícios industriais do século XIX (antigos armazéns de vinho e uma fábrica de panelas) reabilitados não podia ser outro. E se de outros pretextos precisasse, escreva-se a proximidade com o único estaleiro de reconstrução de barcos rabelo.
Na receção, sobressai uma escultura, feita pelo estúdio THER, com madeira recuperada do rabelo. Por todo o lado – incluindo nos 103 apartamentos, dos 37 aos 195 metros quadrados, todos com cozinha equipada, espalhados pelos edifícios Crew, Boat, Deck e Atlantic –, há inúmeros objetos pensados ao detalhe pela designer de interiores espanhola Daniele Franceschini. Cerâmica de Joana Passos e da Grau, obras dos artistas Pedro Guimarães, Josep Maynou e Tomek Sadurski, tapeçarias de Edurne Camacho, prateleiras em madeira de Tomaz Viana ou os arranjos florais do ateliê Menez que conduzem ao spa, marcam este projeto do grupo Bomporto Hotels.
Inspirado nas termas romanas, de cor ocre, o The Rebello Spa (aberto a não hóspedes) tem piscina aquecida e quatro salas de tratamento, com massagens holísticas, com produtos naturais da portuguesa EssenciAroma. Sobre este hotel “não convencional e disruptivo”, como o define Ludwig Melo, o diretor, falta ainda referir o restaurante Pot&Pan e o Rooftop Bello (ver coluna), o Little Rebels Club, onde se entretêm crianças dos três aos 12 anos, e que aceita animais de estimação (cães até 15 quilos). Uma casa para todos.
The Rebello > R. Cais de Gaia, 380 > T. 22 002 8940 > a partir €220 com pequeno-almoço > therebello.com
Um hotel aberto à cidade
Além do spa, também o restaurante Pot&Pan e o Rooftop Bello, a cargo do chefe de cozinha André Coutinho, estão abertos a não hóspedes. No Pot&Pan, o lema é a cozinha de tacho (em louça de barro negro da Artantiga, de Tondela) para partilhar: bacalhau com grão, arroz caramelizado de polvo ou de costela mendinha, filetes de pescada com arroz malandro, posta de novilho com migas. Já no Rooftop Bello, serve-se uma cozinha mais descontraída: pizzas napolitanas, ovos rotos, falafel, hambúrguer de novilho, ou a “Melhor do que uma Katsu sandu” em pão lêvedo, com atum e maionese de kimchi. A refeição acompanha com vinhos e cocktails de autor (provámos um saboroso Rum Rhapsody, com travo a banana). No verão, apostamos que o terraço será o lugar mais concorrido da cidade. Por ora, no interior da sala brindamos à vista.