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Foi aqui que o escultor José Rodrigues viveu e trabalhou durante quase três décadas
Quando o escultor José Rodrigues afastou as silvas e deu de caras com uma clareira onde pastavam bois, não se apercebeu logo que se tratava de um antigo claustro. Saíra de Vila Nova de Cerveira e subira o Monte San Payo com uns amigos. Encontrou as ruínas já na descida, a oito quilómetros da vila, e apaixonou- -se de imediato por aquilo que restava do convento construído por franciscanos no século XIV: além do claustro, apenas as pedras da torre da igreja e parte da fachada do edifício. O silêncio total, a doçura do ar puro, a vista deslumbrante. Estávamos em 1974. José Rodrigues tornaria o achado no projeto do resto da sua vida, investindo nele tudo o que ganharia a partir daí e seguindo o traçado arquitetónico do seu amigo Viana de Lima. Mudou-se para lá com a família e criou um importante e ativo polo cultural.
De um local de contemplação no século XIV, o convento passou a um local de criação do século XX. São essas duas atmosferas únicas que o Convento de San Payo mantém hoje como turismo de habitação, explorado pelas filhas do escultor. Numa sintonia perfeita com a Natureza, que ali é mesmo de cortar a respiração, a obra de José Rodrigues (desaparecido no ano passado) está presente nos jardins pontuados pelas suas esculturas, nas paredes do edifício decoradas com os seus desenhos, nas alas do museu que alberga as suas coleções de arte sacra e oriental. A zona antes ocupada pela família corresponde agora a parte das oito suítes – as do primeiro andar com vista para o rio Minho, as do andar térreo com áreas generosas e porta direta para o jardim. O cuidado posto em cada pormenor confirma que a simplicidade é o maior dos luxos: a qualidade das toalhas de banho, a delicadeza das capas de edredão, a ausência de barulho.
Nada é excessivo, tudo nos dá tempo e espaço para fazermos o que quisermos, seja mergulhar na piscina ou passear na mata. Mas sem nunca perder o pequeno-almoço, para o qual Luís, um transmontano que foi chefe em Limoges, prepara todas as manhãs uma surpresa, como um bolo de peras acabadas de apanhar no jardim. Em cima da mesa, uma folha de cameleira serve de tampa ao jarro de sumo de laranja natural. E quando se levantam os olhos da mesa dá-se de caras com a soberba vista do rio Minho e de Espanha. Estamos aqui recolhidos do mundo, com a beleza aos nossos pés.
Convento San Payo > Monte San Payo, Vila Nova de Cerveira > T. 93 548 4030 > a partir de €106 (suíte superior)