
A piscina da Quinta do Vau fica de frente para um antigo convento franciscano, com oliveiras em redor
Marcos Borga
Nas noites de primavera, podemos ter a sorte de adormecer a ouvir os rouxinóis, mas no verão é limpinho que o despertar se faz, bem cedinho, ao som do canto dos rabilongos, dos melros, dos papa-figos, dos abelharucos ou dos guarda-rios, aves que têm o seu habitat nas margens do rio Guadiana. Chegados à Quinta do Vau, com indicações logo desde a primeira rotunda, para quem vem de Norte, parece que vamos para casa de familiares.
São apenas sete quartos e uma casa, um T1 para quatro pessoas, por isso a dimensão torna-se mais caseira, de hotel pouco ou nada tem. Sem receção, nem funcionários, são os donos desta casa de campo que nos dão as boas-vindas, a qualquer hora do dia ou da noite. À simpatia do casal Maria José e Luís Morais Costa, junta-se a panorâmica para a vila de Mértola, com o seu castelo, a igreja matriz na antiga mesquita e o casario histórico. Uma paisagem deslumbrante de dia, com um certo encanto quando iluminada à noite.
Esta era a casa dos avós de Luís, onde brincava em criança. Lembra-se muito bem da atual sala de refeições ser a antiga “ramada”, onde se guardavam as vacas. Há 47 anos, Luís seria dos últimos a nascer no hospital da terra. Já Maria José, foi nascer a Lisboa, mas cresceu nas Minas de São Domingos, terra da bela praia fluvial da Tapada Grande, a 17 quilómetros de Mértola.
Quando abriram os portões da quinta, no outono de 2014, tinham a certeza do que queriam fazer, até ao mais ínfimo pormenor. E se há coisa em que as pessoas reparam no alojamento é, sem dúvida, o pequeno-almoço. Da cozinha, como a das nossas casas, saem torradas feitas em pão alentejano que ficam deliciosas com os doces locais Myrtilis Gourmet – o de romã e hortelã, então, é de lamber os dedos. Da padaria da dona Nela vem a tarte de amêndoa, com uma camada doce q.b. e crocante daquele fruto seco, a lembrar a tarte das nossas avós; de Serpa chegam os queijos da Queijaria Guilherme e do vizinho do lado, o senhor Manuel, as laranjas para o sumo natural.
Tudo melhora quando vamos para a piscina, de frente para um antigo convento franciscano, com as oliveiras em redor. Um descanso para a vista e para a mente.
Em Mértola, vila museu inserida no Parque Natural Vale do Guadiana, são muitas as iniciativas culturais a decorrer ao longo do ano. Festivais gastronómicos, como o do peixe de rio e o do mel, queijo e pão, em abril, e o da caça, em outubro; Festival MUR e Festival Islâmico, em maio; festas da vila, em junho.

São apenas sete quartos e uma casa, um T1 para quatro pessoas, por isso a dimensão torna-se mais caseira
Marcos Borga
Quinta do Vau > Além Rio, Mértola > T. 96 564 5540 > quarto duplo a partir €40 > T1 a partir €70 c/ pequeno-almoço