1. Wayz
Quando Pedro Maçana e Daniel Oliveira se conheceram no curso de Design de Calçado, ambos partilhavam o gosto pelas sapatilhas e sonhavam com a criação de uma marca portuguesa. “Trabalhei fora de Portugal e encontrei muitas marcas independentes que eram feitas cá, mas não se identificavam como portuguesas. Sabia que existia o know-how na nossa indústria”, conta Pedro. Escolheram os parceiros a dedo, dos componentes à produção, num raio de 70 quilómetros à volta do Porto, donde são naturais. “Queríamos manter uma relação próxima”, sublinha. Lançaram a Wayz em maio de 2019, numa campanha bem-sucedida de crowdfunding, que lhes permitiu avançar com a produção dos primeiros 500 pares, e, em dezembro do mesmo ano, criaram a loja online (atualmente, também estão em lojas físicas do Porto e Lisboa). Os cinco modelos, inteiramente feitos com materiais amigos do ambiente – aliás, a empresa conquistou o selo carbono zero, atribuído pela ONU –, apresentam designs versáteis, intemporais e sem género, inspirados no Porto (€89 a €150). “São modelos sólidos, tal como o caráter da cidade, com curvas que remetem para o rio e para as pontes”, explica Pedro. wayzforlife.com
2. 8000Kicks
O que parecia uma ideia estapafúrdia, surgida numa noite de farra com os amigos, transformou-se numa oportunidade para Bernardo Correia. Uma sapatilha feita à base de cânhamo industrial, “o primo sóbrio da canábis”, assim descrevem o material, não era propriamente o negócio em que Otília Santarém, de 78 anos, se via a investir. “A minha avó quase me expulsou de casa quando lhe falei nisso”, recorda Bernardo, divertido. Mas, ao ver as pesquisas e o tecido, Otília percebeu as inúmeras qualidades do cânhamo: é uma fibra natural, que precisa de pouca água para crescer e restaura as qualidades do solo; tem propriedades antibacterianas; é resistente à água e muito durável. Natural de Minde, onde há tradição nos têxteis, ajudou o neto na conceção dos modelos e na supervisão da produção, dividida entre Portugal (numa fábrica de Felgueiras) e a China. Em maio de 2019, fizeram uma campanha de crowdfunding para avançar com o projeto, que ultrapassou as expectativas, angariando cerca de 200 mil dólares. “A diferenciação é pelo cânhamo, o modelo [unissexo, existente em várias cores, com solas feitas a partir de algas] é simples, bonito e funcional”, sublinha Bernardo. Só não é possível fumá-lo, alerta. 8000kicks.com. €120
3. Shoevenir
Às vezes, uma simples palavra muda o rumo da nossa vida. Gonçalo Marques, formado em Gestão, preparava-se para deixar a China, onde trabalhou como comercial, e quis comprar um modelo chinês de sapatilhas como recordação. Um shoevenir, ocorreu-lhe na altura, sem nunca mais se esquecer do termo. De regresso a Portugal, juntou-se ao amigo Miguel Lopes, formado em Design de Comunicação, com quem partilhou a infância na Póvoa de Varzim, e começou a desenvolver a ideia da criação de uns ténis inspirados em cidades ou regiões portuguesas, para que os turistas pudessem reviver as memórias desses lugares. Com a ajuda de uma fábrica de calçado de Felgueiras, criaram os modelos, feitos com materiais sustentáveis, que apresentam um elemento diferenciador: as ilustrações de artistas nacionais nas solas e palmilhas (€119). Até agora, a Shoevenir tem sapatilhas do Porto, Lisboa, Algarve, Madeira, Açores e um Cloud, em branco, para quem quiser começar do zero a construir memórias. Para já, estão à venda online, em shoevenirworld.com.
4. Diverge
A paixão pelas sapatilhas era comum aos quatro sócios da Diverge, que aposta em ténis personalizáveis, a partir de uma dezena de modelos-base, com estilos distintos (€150 a €240). No site, os clientes podem escolher desde os materiais às cores dos diferentes componentes e perceber como fica o resultado, graças a um simulador. “A moda tornou-se mais descontraída, e isso abriu uma oportunidade. Havia espaço para uma marca que promove a expressão das pessoas, permitindo-lhes que façam parte do processo criativo”, aponta João Esteves, um dos quatro sócios. Para diminuir os desperdícios, só produzem por encomenda, em fábricas portuguesas. “Ter uma produção nacional era prioritário”, explica. No site, e segundo a política da marca de responsabilidade social, também apresentam modelos desenhados por jovens de contextos desfavorecidos e por Bráulio, um artista com doença mental, residente do projeto Manicómio. Ambos os casos recebem uma percentagem do valor das vendas que são feitas online. diverge-sneakers.com