Era para ter sido o escritório de Rute Arnóbio, ela que, no Porto, anda há uma década a promover os objetos de autores portugueses – primeiro na loja Águas Furtadas, no Centro Comercial Bombarda; depois, na Almada 13, na Baixa –, mas o sítio encantou-a de tal forma que decidiu abri-lo ao público. Chama-se Padaria, porque ali funcionou durante anos a Padouro, mesmo em frente ao Mosteiro de São Bento da Vitória.
Quem atravessa a rua estreita e empedrada, e por ali anda a fotografar as casinhas típicas do Porto, surpreende-se com os dois pisos desnivelados cheios de peças de autor (de artistas nacionais e estrangeiros) de cerâmica, arte e ilustração. “Gosto de misturar linguagens. Costumo dizer que estes meus projetos são uma extensão da confusão que é o meu cérebro”, explica. Em tudo o que faz, Rute adora contar histórias, conhecer os autores e o que está por detrás de cada criação. E esta Padaria não é exceção. A cerâmica, em cima das mesas (que foram portas de madeira), é portuguesa: da terracota da Casa Cubista (Algarve), do crochet aplicado à cerâmica da Barru Pottery (Alentejo), dos objetos portugueses da Laboratório d’Estórias (Caldas da Rainha).
Por toda a parte, há obras de arte e ilustração à volta da Família, a temática que inaugurou a loja, em abril, e deu origem a peças únicas de Ivo Teixeira, de Bárbara Amaral, do designer Tomba Lobos, da fotógrafa francesa Ingrid Dorner, entre outros. Às ilustrações das portuguesas Leonor Feijó, Ana Durão (Pouco Dura), Adriana Fontelas, Diana Costa e Filho Bastardo juntam-se as de designers estrangeiros – que trocaram as suas cidades pelo Porto – como Miriam Siim (Estónia), Paulina Piech (Polónia) e Karina Krumina (Letónia). “É um espaço aberto a quem tenha projetos”, resume Rute. Para fechar o “ramalhete”, falta dizer que a loja se encontra no rés do chão de um prédio que, em 2017, recebeu o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana. No lugar certo, portanto.
Padaria by Águas Furtadas > R. de São Bento da Vitória, 44, Porto > seg-sáb 10h-14h, 15h-19h