Há qualquer coisa do universo de Harry Potter na nova loja da Comur. A luz da casa com mezzanine, as 14 toneladas de ferro, em verde e em dourado, e seis mil latas de conservas ordenadas como se de livros numa biblioteca se tratasse. A verdade é que, ali, há mesmo 1 982 livros verdadeiros, de variadíssimos autores e géneros, prontos a serem ser folheados.
Instalada desde o final de novembro dentro da LX Factory, em Alcântara, na paralela à rua principal, nos últimos dois anos, multiplicaram-se as aberturas da Comur fora da vila da Murtosa, onde a conserveira nasceu há 76 anos. Tudo começou em 1942, com as enguias da ria de Aveiro em molho de escabeche. Como a lata tem impresso o ano 1942, muitos clientes perguntavam se não havia outras datas. A ideia foi aproveitada e passou a haver latas de sardinha em azeite litografadas com todos os anos, entre 1916 e 2019. Das latas nada consta por acaso: as riscas coloridas, como as das casas da Costa Nova, em Aveiro, as figuras históricas, a lembrar momentos marcantes dos nossos Descobrimentos, e a sua explicação.
Das 17 variedades de conservas, que incluem peixes mais comuns, como sardinha, cavala, atum, petinga, carapau e peixe-espada, a Comur tem alguns exclusivos, que asseguram não existirem em nenhuma outra parte do mundo: linguado, robalo, dourada e corvina. Mas também há uma mão-cheia de conservas fumadas: truta, ovas de bacalhau, linguado, mexilhão e salmão. Já o polvo e o bacalhau são assados no fogareiro, à antiga, como se pode comprovar numa visita guiada à fábrica.
Comur – Conserveira de Portugal > LX Factory, R. Rodrigues Faria , 103, Lisboa > seg-sex 11h-20h, sáb-dom 10h-21h