Nuno Gama
Ter uma barbearia dentro de uma loja de roupa não é muito comum, mas Nuno Gama, que no ano passado completou 50 anos de idade e 30 de carreira, achou que na sua Maison devia existir uma. A ideia é, conforme explica, que os clientes possam fazer a barba e cortar o cabelo. “Muitas vezes as pessoas estavam bonitas e elegantes, mas faltava-lhes o resto”, diz. A Maison Nuno Gama funciona desde 2014, na esquina da Rua do Século com a Praça do Príncipe Real, e é o espelho da marca, elegante e cheia de detalhes. “Andei 50 anos para aqui chegar. Cada peça e cada projeto que faço é resultado do caminho que fiz”, afirma. Na loja estão disponíveis todas as coleções que desenvolve, vestuário, sapatos, acessórios, almofadas para a casa, linha desportiva e de interiores, e ainda um serviço de alfaiataria que trabalha com os melhores tecidos do mundo. “Abrir uma loja é dar corpo à marca, é criar laços com os clientes e dar-lhes oportunidade de fazer parte do nosso mundo.” Maison Nuno Gama > R. do Século, 171, Lisboa > T. 21 347 9068 > seg-sáb 10h-20h
Storytailors
É numa loja instalada num prédio pré-pombalino, perto do Chiado, e desenvolvida com a ajuda de Joana Astolfi, que os Storytailors mostram o seu trabalho. Nos charriots, suspensos em ganchos, um sistema que permite mudar facilmente a disposição da loja, misturam-se peças femininas e masculinas de coleções mais recentes com outras mais antigas. Estão lá os espartilhos, peça emblemática da marca, bem como os casacos modulares, tipo puzzle, que dão a possibilidade de intervir no produto, uma referência dos Storytailors. Mas também se encontram vestidos, calças, camisas e saias, em cores e materiais que vão da seda ao burel. Esperam clientes, do mais clássico ao mais arrojado, porque as propostas, de traço muito particular, quase fantasiosas, “adaptam-se a qualquer tipo de guarda-roupa”. “Uma peça bem desenhada não tem estação”, defende João Branco que, com Luís Sanchez, forma a dupla Storytailors. A cada coleção, contam uma história. A da primavera/verão 2017 é Monte das Pretas, segundo capítulo de Alexitimia, a história de um contrabandista iniciada na coleção de inverno 2016. Com padrões inspirados em árvores endémicas do Alentejo, robes manteaux, silhuetas vaporosas e outras estruturadas, só vai estar disponível em meados de março. Até lá, tem de se escolher entre o que está exposto ou, então, mandar fazer por encomenda. Cç. do Ferragial, 8, Lisboa > T. 21 343 2306 > ter-sáb 11h-19h
Luis Onofre
Foram quase sete anos à espera do sítio certo, mas, quando o encontrou, a empatia foi tão grande que Luis Onofre resolveu o assunto em cinco minutos. A loja acabaria por abrir em 2014, na Avenida da Liberdade. Diz Onofre que a ideia foi para dar resposta à pergunta que muitos lhes faziam: “Onde é que podemos comprar os seus sapatos?” Na montra, decorada com caixas de limões e laranjas, estão já alguns sapatos da coleção primavera/verão Hellenic Gardens, inspirada na antiguidade clássica. Os restantes descobrem-se lá dentro, nos dois pisos decorados em tons neutros que fazem sobressair os sapatos e acessórios de luxo. Alinhados nas prateleiras, estão vários modelos de sandálias de tiras, algumas chegam até à perna. Têm saltos rasos, médios, atualmente com muita procura, e saltos altos, a imagem de marca Luis Onofre. Também há malas e clutches, ténis de tons neutros, em bege, branco ou com cristais Swarovski, tal como nas sandálias. Na próxima estação, a marca passará também a ter uma coleção de homem. “Sapatos e ténis com linhas sóbrias mas modernas porque os homens não gostam de variar muito”, explica o designer. Tal como a linha feminina, são fabricados com materiais nobres e detalhes especiais, como as palmilhas interiores dos ténis que permitem aos clientes crescer três ou quatro centímetros. Av. da Liberdade, 247, Lisboa > T. 21 131 3629 > seg-sáb 10h-19h30
Katty Xiomara
É num prédio do século XIX, na Boavista, que Katty Xiomara tem loja (e ateliê). Romântica e delicada q.b., tal como a “menina” nascida em Caracas há 42 anos e que, aos 18, trocou a Venezuela pelo País dos pais. As peças que restam da coleção de inverno alinham-se num armário alto, onde parece ter subido uma cortina vermelha, como se estivéssemos no palco de um teatro: camisas com folhos ou biqueiras nas golas, emblemas em casacos e capas entre os azuis, pretos e vermelhos. A criadora diz que os seus clientes são mulheres, entre os 20 e 50 anos, na sua maioria. “Qualquer cidade que tenha personalidade tem necessidade de ter lojas de autor. O Porto tem”, reforça Katty Xiomara, requisitada inúmeras vezes para fazer peças por medida “de raiz ou tendo como base um modelo já existente na coleção”. Na loja, decorada com duas cadeiras estofadas e um provador coquete de cor creme, hão de entrar, dentro de dias, os pretos, azuis dos recifes, cinzas e rosas das areias, as rendas a fazer lembrar as redes de pesca, as transparências, sobreposições e godés da nova coleção inspirada no mar e nos Descobrimentos. R. da Boavista, 795, Porto > T. 22 013 3784 > seg-sex 10h-13h,14h-19h, sáb 11h-19h
Anabela Baldaque
Terá sido a primeira loja de uma designer de moda no Porto, já lá vão 17 anos. Na época, Anabela Baldaque apaixonou-se de tal maneira pelas ruas da Foz Velha que acabou por montar o ateliê numa casa em frente. Hoje, é nesta zona que vive e brinca com o neto de dois anos e meio. “Sou uma privilegiada”, conta. Porque tem noivas a baterem-lhe à porta, dizendo que só casam se for com um vestido feito por ela, porque faz “o que sempre quis fazer na vida”, porque é procurada por mulheres que não dispensam “qualidade e design”. Na loja, os charriots misturam peças de desfile e outras com cortes mais “democráticos”. “Tenho a obrigação de fazer chegar o design ao maior número de pessoas”, afirma, acrescentando que “a roupa de autor não faz sentido se não tiver um sítio fora da passerelle.” R. Padre Luís Cabral, 1080, Porto > T. 93 405 6264 > ter-sáb 11h-13h30, 14h30-19h
Lidija Kolovrat
Quando, em 2010, a designer de origem bósnia Lidija Kolovrat se instalou no número 79 da Rua D. Pedro V, no Príncipe Real, o primeiro andar da loja, um sótão com janelas de madeira e pé-direito bastante alto, serviu logo de cenário para um dos filmes de João Botelho. Mais tarde, foi sala de concertos. “Quando abri, não havia mais nenhuma loja do género nesta zona. Só começaram a chegar mais tarde e algumas já abriram e fecharam”, diz. Sete anos depois, Lidija mantém-se firme na sua Kolovrat 79. É nela que vende os seus vestidos, casacos, malas – a mala bracelete é uma peça icónica da marca –, sapatos e acessórios. Tudo com cortes originais, não raras vezes, desconstruções. Na última ModaLisboa, em outubro, apostou numa linha primavera/verão de homem. “Nesta área, é preciso saber dar resposta ao que está a acontecer”, explica. A coleção há de chegar em março, com calças assimétricas, t-shirts oversize e malhas desfeitas, em preto e branco e com estampados gráficos. Mas, atenção, esclarece, “as peças femininas vão continuar a ser produzidas”. Porque Lidija gosta de parcerias, a loja também vende peças de Alexandra Moura, bijuteria e objetos de outros criadores e marcas. Quanto ao sótão, atualmente a funcionar como ateliê, receberá em breve os workshops de moulage que Lidija já desenha na sua cabeça. Kolovrat 79 > R. D. Pedro V, 79, Lisboa > T. 21 387 4536 > seg-sáb 11h-20h
Luís Buchinho
Em maio, faz dez anos que Luís Buchinho abriu a sua loja na Rua José Falcão, rompendo com o marasmo vivido na época na Baixa do Porto. Por isso, não esconde o orgulho por ter contribuído para a “ressurreição” da zona. Atrás da loja, tem o seu ateliê, uma área de 200 metros quadrados, embora poucos se apercebam disso. É quase sempre Alessandra Melo, a sócia, quem dá a cara na loja e aconselha as clientes. São sobretudo arquitetas, empresárias, designers, porque, explica, “a roupa tem muita arquitetura, materiais e formas”. As malhas continuam a ser os seus best-sellers. Mas também os casacos e os vestidos, com padrões geométricos onde dominam os pretos e azuis, combinados com cores primárias. Além das peças dos desfiles, o criador faz habitualmente “uma coleção para revenda”, subordinada ao mesmo tema e às mesmas cores. “A minha coleção é transversal. Gosto de lhes chamar uma elegância pragmática. São peças que podem usar-se muitas vezes”, lembra Luís Buchinho. Cada vez mais empenhado em desenhar coleções para mulheres práticas, que viajam muito, como as peças de verão que entram na loja dentro de dias, com tecidos plissados, amarrotados e estampados com foil. R. José Falcão, 122, Porto > T. 22 201 2776 > seg 14h-19h, ter-sex 10h-13h, 14h-19h, sáb 14h-18h
Diogo Miranda
O rapaz tímido, que, em 2017, celebra dez anos de carreira, tem loja no centro de Felgueiras, onde nasceu e estão as suas raízes. Abrir uma loja no Porto ou Lisboa “está fora de questão”, segundo diz Diogo Miranda. Apesar de achar que “as mentalidades mudaram” em relação ao que é feito em Portugal, 85% da marca é vendida no estrangeiro. “Nunca estive à espera das vendas da loja para sobreviver”, confessa o criador, de 28 anos. A loja – com um jogo de espelhos, a televisão a transmitir o desfile da coleção de Paris, o lustre antigo trazido do sótão da casa dos pais – funciona, pois, como uma espécie de montra do trabalho de um dos novos talentos da moda portuguesa. É procurado por mulheres de todas as idades e sobretudo por causa dos vestidos longos, de noiva ou de festa, em destaque na loja. As sedas, os brocados e tecidos técnicos vão estar presentes na próxima estação quente, com criações geométricas entre os cinzentos, castanhos e pretos. “O nosso trabalho é criar desejos, a pessoa tem que comprar por impulso.” Pç. da República, 60, Felgueiras > T. 255 925 423/ 91 115 7180 > seg-sex 9h30-18h30
Filipe Faísca
Quando se lhe pede para descrever a sua loja, Filipe Faísca diz que se trata sobretudo de “um showroom, onde as pessoas podem descobrir o seu trabalho”. A maior parte das clientes fá-lo por marcação, porque gostam do atendimento personalizado e da atenção que o designer lhes dedica. Nos últimos tempos, muito por causa localização da loja e do turismo que lhe passa à porta, as coisas estão a mudar. “No outro dia entrou uma americana que não experimentou nada. Gostou, comprou e guardou dentro do saco”, conta. A clientela fiel, porém, prefere escolher por encomenda. “Depois da ModaLisboa, entre março e outubro, trabalho quase só para os casamentos”, explica. Agora, na parte da frente da loja, está exposta a coleção outono/inverno, com promoções, mas, na sala interior, já é possível ver a da próxima estação. Vestidos longos e curtos, saias, jumpsuits e camisas, em seda, algodão ou cabedal, pintados em tons amarelo sol, camel ou verde militar. Entre estações, Filipe Faísca faz pequenas coleções intermédias, com peças que têm mais saída, noutras cores ou estampados. “É preciso acompanhar as tendências e seguir o ritmo da moda atual, rápido e sem essa coisa das estações”, justifica. Cç. do Combro, 99, Lisboa > T. 21 342 0014 > seg-sex 11h-13h, 14h-19h
Valentim Quaresma
Entrar na loja de Valentim Quaresma é entrar no seu universo criativo. “É sentir o espírito da marca, ver como as peças são produzidas e como trabalhamos”, explica o designer. Sobre a loja onde se instalou há quatro anos, diz que “não é um sítio frio e isolado, só com as peças para venda”. Dispersos pelas bancadas, há materiais e ferramentas, máquinas à espera de serem manobradas, pessoas a trabalhar. Os colares-alfinete estão no top de vendas, mas, além deles, Valentim também cria outros colares, pulseiras, anéis e pendentes, usando materiais tão diversos como as resinas, latão ou neoprene. Na loja, encontramo-los um pouco por todo o lado. “Gosto de pensar que o meu trabalho é um bocado irreverente, na maneira como trabalho os materiais e nas propostas que apresento”, explica. O processo criativo é feito sem qualquer recurso ao desenho, apenas às ideias que, depois, tenta desenvolver. Foi assim com Ruptura, a coleção primavera/verão 2017, que é um hino à liberdade de pensamento e movimento, e também com History, inspirada nas décadas da moda, que será apresentada em março, na ModaLisboa. De há três estações para cá, e porque precisava de roupa para apresentar com as suas joias, que Valentim Quaresma cria ainda uma linha de vestuário disponível na loja e que pode ser feita por encomenda. R. António Maria Cardoso, 26 B, Lisboa > T. 21 347 0408 > seg-sex 10h-19h
Outros nomes da moda nacional, sem loja, mas com ateliê aberto
L’Atelier des Créateurs
Alfaiataria portuguesa. R. José Falcão, 95, Porto > T. 22 201 9185 > seg-sex 8h-17h
Susana Bettencourt
A açoriana vende as suas criações na loja online, mas recebe no seu ateliê quem prefira peças feitas à medida. R. Solverde, 368, Condomínio Solverde, Antas, Vila Nova de Famalicão > T. 252 027 976 > seg-sex 9h-18h
Vanglória
No ateliê, Vanessa Pires recebe, por marcação, todos os interessados na sua joalharia de autor. Carnaxide > T. 91 920 2759
Nair Xavier
A partir de março, Nair Xavier vai ter ateliê em Lisboa. Por marcação, será possível comprar ou mandar fazer à medida as suas peças masculinas. R. Sabino de Sousa, 29A, Lisboa > T. 96 448 3690
Hugo Costa
Entre os desfiles e a loja online, Hugo Costa abre o seu ateliê para atendimento personalizado. Oliva Creative Factory > R. da Fundição, 240, S. João da Madeira > T. 252 004 182 > seg-sex 10h-18h