É tudo uma questão de pormenores e são eles que fazem a diferença: uns periquitos bordados ao peito, uns laçarotes gigantes ao ombro, umas pérolas com orelhas de coelhinho, um piscar de olhos para usar no dedo ou ao pescoço. Joana Bernardo e Maria João Fialho escolheram mesmo a dedo as peças de roupa e os acessórios femininos para a sua nova loja online, a Les Filles. “Sentíamos que fazia falta uma loja assim, com peças mais especiais e exclusivas”, dizem. Têm ambas 28 anos e o curso de Design de Moda da Faculdade de Arquitetura de Lisboa, onde se conheceram, antes das suas vidas terem seguido caminhos diferentes (Joana fez um bacharelato em maquilhagem e cabelos no London College of Fashion e é nessa área que vai trabalhando, Maria João tirou um mestrado em História de Arte Moderna, foi assistente de sala no MUDE e account manager numa agência de publicidade). A Les Filles nasceu da cumplicidade entre as duas e da vontade de fazerem o que gostam – sem ter que emigrar, como a maioria dos amigos.
“Pensamos na loja como aquelas boutiques dos anos 60 e 70, que entretanto desapareceram”, diz Maria João, falando das peças à venda como “escolhas intemporais”. “Acreditamos que aqui se compra por paixão e não por impulso. Fica-se a pensar na peça e decide-se porque se gosta mesmo”, acrescenta Joana. São menos de uma dezena as marcas, muitas delas em exclusividade para a Europa: a criativa Soot da Austrália, a feminina Rachel Antonoff dos Estados Unidos, a parisiense e mais clássica Ambali, a francesa Benedicte com as suas joias discretas mas cheias de personalidade, ANDRESGALLARDO criada por um casal espanhol que trabalha em porcelana e a aplica em joias e carteiras, as inglesas Karen Mabon (e os seus irreverentes lenços de seda) e Williams Handmade (com as suas carteiras, uma delas criada em exclusivo para Les Filles), e ainda dois nomes portugueses, o jovem portuense Pedro Neto e a dupla radicada em Londres Marques’Almeida, aos quais se juntará na próxima estação Alexandra Moura. Em comum, sublinham, estas marcas valorizam o saber-fazer, a manufatura, a mão de obra qualificada, o trabalho local, a perfeição dos acabamentos e, sim, a atenção aos pormenores. Tudo isso tem um custo elevado, é certo, reconhecem, orientando a Les Filles para uma classe média-alta (os preços variam entre os €55 de um elástico para o cabelo e os €686 de uma carteira). “A fast fashion está a destruir o mundo, quer a nível económico, quer a nível ambiental”, aponta Maria João, “não é isso que queremos”. Nos planos, está a produção de peças criadas por elas. Mas sem pressas, dizem, um passo de cada vez.
Com imagens e vídeos, o site é muito visual e bastante cuidado, a piscar o olho a quem lá entra. É assim o mundo destas meninas: bonito, sedutor e, desejam elas, irresistível.