As mesas com tampo em mármore e o chão colorido são as principais diferenças que saltam à vista na Antiga Camponesa, que quer manter viva a memória d’A Camponesa, restaurante de cozinha portuguesa, gerido por Célia e por Miguel Cunha Ferreira, durante quase duas décadas, bem perto do miradouro de Santa Catarina. Foi quando o casal decidiu reformar-se, e passar o testemunho, que começou uma espécie de “namorico” com André Magalhães, da vizinha (e muito concorrida) Taberna da Rua das Flores, que acabou por aceitar este desafio.

Para não haver dúvidas, o chefe de cozinha apressa-se a explicar que a Antiga Camponesa não vai funcionar como um prolongamento da Taberna da Rua das Flores (acabou de celebrar o décimo aniversário e tem uma ementa de petiscos de partilha). “Elas têm personalidades próprias e cartas distintas. Em comum, usamos apenas os mesmos fornecedores, mas não necessariamente os mesmos produtos.”
Para criar a ementa, que muda ao ritmo do mercado (“queremos que seja o produto a guiar-nos”), André Magalhães e a equipa inspiraram-se em receitas antigas que enaltecem a cozinha portuguesa e a anterior casa, mas sem ficarem presos ao receituário original. Desta forma, diz o próprio, garantem-se uma “componente de improviso interessante, dependendo da época e dos produtos disponíveis”. Na cozinha, o chefe tem a ajuda do irlandês Gareth Storey, que já trabalhou em vários restaurantes parisienses e também no Rochelle Canteen, em Londres.

Por estes dias, há boletos selvagens, grelhados com azeite, alho, coentros e salsa (€12), couve-flor, iogurte e alcaparras (€9), e croquetes de cabeça de porco e mostarda (€8) para entrada. Nos pratos de peixe, destaca-se a anchova dos Açores, folhagens e hollandaise (€21) e, nas carnes, um delicioso cachaço de porco bísaro grelhado, servido com migas de grelos (€19). Mas há mais para se deixar surpreender, como a coalhada de limão com dióspiros confitados (€6), uma sobremesa leve e pouco doce, ou a tarte de marmelo com gelado de loureiro (€7). Por agora, só servem jantares, mas a ideia é abrir também ao almoço. “Está difícil encontrar pessoas para trabalhar nesta área”, desabafa André Magalhães.
Antiga Camponesa > R. Marechal Saldanha, 25, Lisboa > T. 21 347 1515 > seg-sáb 19h-22h30