Passaram 20 anos, em outubro, desde a abertura ao público do Come Prima, na Rua do Olival, à Pampulha, entre a Infante Santo e as Janelas Verdes, sem dúvida um dos melhores restaurantes de cozinha italiana em Lisboa. A sua consistência faz jus ao nome – “como antes”, em tradução literal –, mas não o impediu de evoluir, sob o comando do dono e chefe de cozinha, Tanka Sapkota (nepalês que passou por Itália, onde se familiarizou com a cozinha do país, antes de se fixar em Lisboa e de se tornar português pelo coração).
As instalações, com salas em dois pisos, tudo de madeira, são naturalmente acolhedoras. A cozinha parece que não muda e, não obstante, está em permanente evolução. Vão longe os tempos das massas pré-cozidas, das natas e das pizzas com ananás ou banana que os primeiros clientes pediam. Na primeira década deste século, impôs-se a autenticidade da cozinha italiana com o pão feito na casa, as massas cozidas ao momento, os produtos frescos e dos melhores, se possível biológicos (anuncia-se uma quinta orgânica, em Mafra, que virá reforçar o contingente de produtos portugueses de excelência: amêijoa-boa, carabineiros, percebes, espargos selvagens, túberas, figos, carnes certificadas).
E vamos à ementa, que se abre o apetite. Para começar, muitas e sugestivas propostas: carpaccio di carne, com lombinho de vaca em fatias finas, rúcula, Parmigiano Reggiano e azeite, tão simples como guloso; Melanzane alla parmigiana, com beringelas fritas em azeite, tomate, manjericão e Parmigiano Reggiano, de aroma e sabor mediterrânicos; Mozzarella di Bufala del giorno, que chega de Itália três vezes por semana, artesanal, não certificada, mas fresca e muito boa; Insalata di rucola e gamberetti, com rúcula, tomate-cereja, Parmigiano Reggiano e camarão de Moçambique salteado, cheia de cor, frescura e sabor; Burrata del giorno, também artesanal; e Funghi ripieni, cogumelos recheados com legumes e queijo.
Dos pratos dir-se-á apenas isto: são simples e bons. Alguns exemplos: Spaghetti con gamberetti e pesto fatto in casa, que leva camarão de Moçambique, queijo de ovelha e um molho feito na casa com leve picante a avivar o gosto; spaghetti alla pescatore, rica combinação da massa com camarão de Moçambique, lulas, chocos, polvo, amêijoa-boa, tomate-cereja e azeite; Tajarin con salvia e tartufo nero fresco, massa fresca, tipo cabelo de anjo, com sálvia e trufa preta (ou trufa branca, na época); Ravioli di ricotta di capra e spinaci, com queijo de cabra de Serpa a fazer de ricotta (requeijão) e a levar vantagem; Ossobuco di vitello Mirandesa ai Funghi porcini, que pode levar trufa ou acompanhar com risotto alla Milanese (para duas pessoas), ressaltando a categoria da carne; quatro Filetto 68º e Vitello 68º, todos de lombinhos de vitela marinados com ervas e cozinhados a baixa temperatura, com diferentes molhos; Risotto, que é feito com arroz envelhecido, sem a manteiga, o queijo e a cremosidade usuais, mas com textura e paladar muito mais ricos (nem sempre há). Várias pizzas de qualidade garantida.
Para sobremesa impõe-se o Tiramisu. Garrafeira mais portuguesa do que italiana, com preços moderados e bons vinhos a copo. Serviço eficiente e simpático.
Come Prima > R. do Olival, 258, Lisboa > T. 21 390 2457 / 91 409 4523 > seg-sex, 12h-15h, 19h-23h, sáb 19h-23h > €30 (preço médio)