Quando abriu, no dia 1 de abril de 2015, a Tasca do Zé Tuga destinava-se a servir pregos de carne mirandesa e outros petiscos. Hoje, é um restaurante de cozinha de autor e uma referência gastronómica de Bragança que não podem ser ignorados. Um restaurante descontraído, convém esclarecer, mas onde o trabalho diário se faz com rigor e criatividade, sob a direção de Luís Portugal, o bancário que se distinguiu, no concurso Masterchef, pelo verbo fácil e pelas mãos hábeis na cozinha. Ele é o dono, o cozinheiro e o responsável pelo sucesso da Tasca do Zé Tuga, que tem localização privilegiada, dentro do castelo, no coração da cidade; instalações acolhedoras num prédio discreto, mas bem enquadrado naquele espaço histórico, com duas salas e esplanada a olhar para as muralhas; decoração sóbria que conjuga tradição com modernidade; e cozinha de base portuguesa com produtos da época no seu estado mais puro, recriada com técnica apurada.
A qualidade dos produtos evidencia-se mal a refeição começa com o pão de presunto, de butelo, de sardinha ou outro, o azeite e os rojões transmontanos (fatias de barriga de porco fritas na sua banha, finas e estaladiças), que são oferta, em jeito de boas-vindas. A ementa segue, depois, o mesmo critério de qualidade, com pratos de presunto e de queijos, linguiça com vinho do Porto, alheira com maçã, trufas de butelo e casulas, cannelloni de alheira com tomate, éclair de alheira com puré de maçã e crocante de presunto além de outras sugestões muito apelativas, para entrada. Outro tanto sucede com os quatro menus desenhados pelo chefe, notáveis pelo equilíbrio e pela harmonia de sabores: “menu de Trás-os-Montes”, com naco de vitela ou vitela à transmontana no prato principal; “menu do mar”, com cataplana de gambas e robalo; “menu de bacalhau”, com bacalhau confitado, puré e grelos; e “menu vegetariano”, com ratatouille.
A carta oferece mais pratos apetecíveis: cataplana de marisco, polvo e castanhas, costeletas de cordeiro, bife raspado, pica-pau e outros que, parecendo familiares, apresentam novidades na combinação de ingredientes, no jogo de texturas, na forma de os apresentar. Um capítulo à parte é o dos pratos cozinhados em potes de ferro, um por dia: ao domingo, cozido à transmontana; à segunda, rancho no pote; à terça, cabidela de galo; à quarta, vitelina à Paradinha Nova (aldeia do concelho); à quinta, rojões transmontanos (nada que ver com a entrada); à sexta, galo à transmontana, e ao sábado, javali com castanhas. Excelente doçaria, também com assinatura do chefe, com um chocolate com azeite, flor de sal e pimenta-rosa de sonho. Garrafeira de expressão regional e cervejas artesanais com quatro sabores, todas gastronómicas. Serviço eficiente e simpático.
Tasca do Zé Tuga > R. da Igreja, 66, Bragança > T. 273 381 358 > seg, qua-sex 12h-15h30, 19h-22h, sáb-dom 9h-23h > €30 (preço médio)