Ainda mal entrámos no número 57 do Campo de Santa Clara, virando costas ao Panteão Nacional, e já estamos de olho nos pedaços de chocolate de mil e um sabores. Não é preguiça do escriba começar pela vitrina que dá as boas-vindas na Calçada do Cacau, a escolha tem razão de ser. Afinal, foi por aqueles cubitos inspirados nas pedras da calçada portuguesa que tudo começou, há de contar Diogo Damião, o proprietário. “Andava a passear por Alfama e passei pelo mural, de homenagem ao fado, de Vhils. Foi aí que tudo fez sentido.”
Na tal vitrina, a cor das pedras ajuda a decidir entre chocolate branco, de leite e preto, feito com cacau da Venezuela, do tipo Criollo e Trinitário, “os mais requintados e aromáticos”, ao qual Diogo adiciona apenas ingredientes portugueses (coco e pistácio não entram, por isso, na equação), sem misturar natas nem manteiga (“além de durar mais tempo, o sabor do chocolate fica mais intenso”). São, pelo menos, 14: maracujá (Madeira), pinhão (Alcácer do Sal), amendoim (Aljezur), amêndoa (Douro), avelã (Beiras), café (de uma pequeníssima produção na ilha Terceira, nos Açores), sal (Aveiro), laranja (Algarve), figo (Trás-os-Montes), entre outros. “Somos uma chocolataria artesanal, trabalhamos com o melhor. Não fazia sentido que assim não fosse”, frisa Diogo, que fez várias formações e trabalhou na Chocolates da Beatriz, em Odemira.
Na cozinha, que fica ao fundo da loja, para lá de uma parede de vidro, Diogo Damião vai revezando-se com Margarida Alves, a sua mulher. É ela que termina o bolo de chocolate negro – já um bestseller. A este, e aos cubitos que são a estrela da casa, juntam-se “cacos”, simples e com frutos secos, tabletes de diferentes origens, sombrinhas, chocolate e cacau quente, que sabe mesmo bem por estes dias.
Calçada do Cacau > Campo de Santa Clara, 57, Lisboa > T. 21 887 3155 > ter e sáb 10h-19h, qua-sex e dom 11h-19h