
“Todos os dias queremos fazer um pão melhor do que no dia anterior”, dizem Adriano Sequeira e Benedita Saavedra
Lucilia Monteiro
Sente-se no ar o cheiro a pão acabado de sair do forno, e é o nosso olfato que nos leva até ao número 69 da Rua Diogo Brandão. Ainda com o nome escrito num papel colado na janela, A Masseira é a mais recente padaria do Porto – abriu em meados de outubro –, mas a sua história começou há muito tempo. Oito anos, pelo menos, quando Benedita Saavedra, 34 anos, começou a fazer pão em casa, com massa azeda e de fermentação lenta. Formada em gestão de património, sem emprego na área, acabaria por dedicar mais tempo ao fabrico de pão, com farinhas maioritariamente biológicas, moídas em mó de pedra, que chegou a vender, aos sábados, no Mercado Porto Belo, durante quatro anos. “Nunca pensei fazer disto negócio”, confessa Benedita, que conta com a ajuda de Adriano Sequeira, 30 anos, formado em Belas-Artes. “Não éramos padeiros a sério, tínhamos uma produção pequena.”
Ainda a afinar as quantidades – ao sábado, saem 100 pães do forno (de €2,80 a €4, de 500/600 gramas) que já não chegam para as encomendas –, o casal não prescinde da qualidade das matérias-primas nem dos tempos necessários para a feitura de um bom pão – no total, são precisas 24 horas, desde a preparação da massa até à saída do forno. As qualidades variam consoante a época. Por isso, nesta altura encontrará os de batata-doce (um dos mais procurados), os de mistura, trigo e centeio, com sementes, com figos (quinta e sábado), com azeitonas Negrinha de Freixo (sexta e sábado), e os de arroz (duas a três vezes por semana).
Um dia nesta padaria – daquelas mesmo a sério, onde o cliente assiste também ao fabrico – pode nunca ser igual ao outro, “tendo em conta que falamos de um fermento natural e, por isso, instável e imprevisível”, lembra Adriano. Mas de uma coisa o casal tem a certeza: “Todos os dias queremos fazer um pão melhor do que no dia anterior.”

Aqui se faz pão de diferentes variedades: batata-doce, mistura, trigo, centeio, com sementes, figos ou azeitonas
Lucilia Monteiro