
No Almeja, a gastronomia é elaborada, feita com produtos portugueses e de época
1. Almeja
Já não se vende café do Brasil na mercearia antiga que João Cura e a mulher, Sofia Amaral Gomes, transformaram num restaurante de cozinha de autor. Próximo do Mercado do Bolhão, o Almeja não podia ter outro nome. Talvez porque fosse “uma ânsia” o regresso a Portugal, depois de o chefe de 29 anos, natural de Coimbra, ter passado os últimos tempos em Barcelona, em restaurantes como o Dos Cielos, o Cinc Sentits e o Monvinic.
A carta – que vai sendo alterada consoante a época – procura dar “sempre ênfase ao produto, ao ingrediente”, sublinha João Cura. Nos próximos meses, poderá contar com criações gastronómicas em que entram legumes e fruta da época: curgete, melancia, beldroegas, feijão-verde, cerejas do Fundão, tomates, ameixas ou milho. Quer opte pelo menu de degustação (€55) ou pela escolha à carta, o chefe serve sempre um amuse-bouche – um snack de tripa de bacalhau frita com alho negro ou uma madalena de linguiça com gel de maçã. Convém lembrar que o pão, servido no couvert, é caseiro e de fermentação lenta. Os produtos são na sua maioria portugueses e podem vir de qualquer ponto do País – como a cabeça de xara, feita pela dona Octávia na vila de Cano, perto de Sousel, servida sobre uma tosta com maçã e vinagre (€5). Arroz carolino do Mondego (€18), crustáceos com cereja do Fundão e funcho (€17,50) ou porco bísaro com espargos, pimentos e sarapatel (€18,50) estão prestes a entrar na carta de verão. R. Fernandes Tomás, 819, Porto > T. 22 203 8120 > ter-sáb 12h30-15h, 19h30-23h

O Mistu está na rota da Ásia e da América do Sul
Lucilia Monteiro
2. Mistu
Comecemos com uma (boa) notícia: o Mistu vai crescer, lá para agosto, para a loja do lado. Prova de que o restaurante com dois pisos, aberto numa antiga serralharia do centro histórico do Porto, tem tido sucesso. A cozinha orientada pelo chefe Rui Mingatos concilia pratos para partilhar, com referências à Ásia e à América do Sul, com produtos que os portugueses reconhecem. Entre os mais pedidos está o ceviche de peixe branco, a “causa” de caranguejo de casca mole e abacate, o polvo com batata-doce e ovo a baixa temperatura e a picanha uruguaia e, nas sobremesas, o fondant de dulce de leche. R. do Comércio do Porto, 161, Porto > T. 92 668 2620 > seg 20h-23h30, ter-sex 12h30-15h, 20h-23h30, sáb 13h-15h30, 20h-24h
A Brasileira aposta na cozinha portuguesa mais experimental e está a cargo do chefe Rui Martins
Lucilia Monteiro
3. A Brasileira
Desde março, não tem sido só a reabertura do centenário café A Brasileira (1903) a suscitar a curiosidade de quem passa na Rua Sá da Bandeira e se recorda de ali comprar café acabado de moer. Também o hotel de cinco estrelas e o restaurante – na sala ao lado do café, onde se continua a entrar pela bonita porta com um para-sol de vidro – chamam a atenção. O chefe de cozinha, Rui Martins, não poderia esquecer o passado deste lugar e inspirou-se, pois, no receituário português para desenhar uma carta que, após alguns ajustes, foi agora finalizada.
Inclui sugestões como lombo de bacalhau com cebola e azeitonas (€12) – “uma reinterpretação da punheta de bacalhau” –, tártaro de atum com massa de azevias crocantes (€12), bacalhau à Brás com gema confitada (€12), arroz negro com lulas (€14) ou o típico prego no pão, aqui servido em bolo do caco com manteiga dos Açores e salsa (€14). “O pão vai ao lado para que o cliente possa compor a própria sanduíche”, nota Rui Martins, sublinhando o carácter descontraído do restaurante, onde nem as tradicionais tripas à moda do Porto, a salada-russa com peixe do dia e a sopa de robalo foram esquecidas. Após o jantar, basta passar a porta e entrar no café que mantém a decoração original do início do século XX e, à noite, se transforma em bar com uma carta de cocktails. Hotel Pestana Porto – A Brasileira > R. Sá da Bandeira, 91, Porto > T. 22 531 1000 > seg-dom 12h20-15h30, 19h30-23h
Elogio à boa comida tradicional portuguesa no restaurante Carlos Alberto
Lucilia Monteiro
4. Carlos Alberto
É uma casa portuguesa, apetece logo escrever sobre o Carlos Alberto, regressado, há poucos meses, à praça com o mesmo nome, depois de ter estado dez anos fechado. Seja pelos pratos pintados à mão na parede, pelos azulejos a revestir o balcão e pelo chão de calçada portuguesa, seja, sobretudo, pelos pratos da cozinha portuguesa que Patrícia Vasconcelos e o irmão, Anselmo, recuperaram do antigo restaurante que os pais ali tiveram durante duas décadas. Como o bacalhau com broa e salpicão com grelos (€16,50), o polvo à lagareiro (€16,50), o bife com queijo da serra (€15,50) e, em breve, o bife de atum. Pç. Carlos Alberto, 89, Porto > T. 22 201 6618 > seg-qui 12h-15h, 19h-22h, sex-sáb 12h-15h30, 19h-23h30
Depois de Aveiro, o Subenshi também abriu num edifício cheio de História no Porto
Lucilia Monteiro