Quem vê Paulo Cardoso, 25 anos, a amassar o pão e a cortar a massa em pedaços pequenos pode pensar que se trata de um trabalho simples. Mas não é. “Fazer pão requer paciência”, diz Paulo, um dos padeiros da Pão com História, aberta há cerca de um mês em São João do Estoril. E sabedoria, acrescentamos nós. De touca na cabeça e avental branco vestido, fala enquanto prepara uma fornada de carcaças, que serão cozidas logo após a massa descansar o tempo necessário. “É o pão que coze mais rápido, só precisa de dez minutos no forno. E também o que fermenta mais depressa e tem menos ar”, justifica.
De todas as variedades preparadas nesta padaria – de produção e venda ao público – de âmbito social, gerida pela associação de solidariedade social Pressley Ridge (fundada em 1832, nos Estados Unidos), destacam-se: bola de centeio (€0,26), carcaça (€0,17), viana (€0,21), pão de água (€0,24). Já na versão mais elaborada, distingue-se a receita de Rui Paula, chefe dos restaurantes DOP, DOC e da Casa de Chá Boa Nova (que recebeu há semanas uma Estrela Michelin). O chefe nortenho é o padrinho da Pão com História: além de ter cedido a sua receita, ajuda na reinserção laboral. “O pão é feito com couve-lombarda, couve do caldo-verde e azeite e combina muito bem com pratos de peixe e de bacalhau”, explica Kátia Almeida, diretora-geral da Pressley Ridge. Na Pão com História, ainda é possível comprar o pão com tomate e orégãos (€0,69), o de alfarroba (€0,69) e o de alecrim (€0,69), por exemplo.
Mas nem só de pães se enchem as prateleiras e os fornos desta fábrica (a capacidade máxima de produção são cinco mil unidades por dia, sendo que, atualmente, são feitos cerca de metade). Pastéis de nata (€1), queques (€0,80), palmiers simples (€0,80), croissants de alfarroba (€1,20) são alguns dos bolos produzidos, todos os dias, bem cedo, por Paulo Cardoso e pelo seu colega Álvaro Pereira, entre outros aprendizes. Combater a pobreza infantil, através da empregabilidade e da diminuição do abandono e absentismo escolar, com o ensino da produção de pão, bem como integrar pessoas que estão desempregadas – eis algumas das principais missões da Pão com História. “Mais do que aprender a fazer pão, aqui ensina-se a cumprir horários, a saber apresentar-se e a respeitar ordens”, acrescenta Kátia Almeida. A partir de janeiro, numa sala ao lado da fábrica, abrirá o Clube de Crianças, preparado para crianças entre os seis e os 12 anos, provenientes das escolas do concelho de Cascais. Uma história com muitas histórias para contar.
Pão com História > R. Cônsul Aristides de Sousa Mendes, 42A, São João do Estoril > T. 21 580 7042/93 806 5841 > seg-sáb 7h-13h, 16h30-19h30