Na rua, quase passa despercebida, mas quando entramos nesta geladaria estreita e comprida, depressa notamos a diferença para os outros negócios de gelados que se têm multiplicado pelo Porto. Aberta no início de agosto, perto do Rivoli, a 1927 Gelataria Portuense mais parece um ateliê ou um laboratório – e é mesmo isso que querem as arquitetas Ana Ferreira e Ana Gonçalves, 40 e 45 anos, respetivamente, que decidiram mudar de vida e agora dirigem esta nova casa.
“Estamos sempre em produção contínua”, avisa Ana Ferreira, enquanto vai à cozinha buscar a mistura de chá verde Matcha, leite, natas e chocolate branco que ficou 12 horas a maturar no frigorífico (o cheiro a chá sente-se logo no ar, diga-se). Depois, há de ser transformada em gelado na máquina da empresa italiana Cattabriga, inventada por Ottelo Cattabriga, em 1927. Esta data acabou por dar nome à geladaria, tal a importância que o equipamento teve no desenvolvimento do negócio, que passou por Bolonha, em Itália, onde as arquitetas se tornaram gelatieri com a ajuda do mestre Giacomo Schiavon.
O Matcha é só um dos seis gelados de coleção criados de raiz pelas duas Anas. Há ainda o Earl Grey (chá preto, caramelo salgado e nibs de cacau), Porto Tawny (vinho do Porto, puré de pera e nozes caramelizadas), pingo de mel (figo, requeijão de ovelha e mel), amêndoa e citrus e, o best seller dos últimos dias, cereja e chocolate (com sésamo preto caramelizado). Da lista de 22 sabores “sem aditivos e sem glúten” constam também gelados e sorvetes mais óbvios, como stracciatella, avelã, café, cheesecake, coco ou abacaxi com basílico. As duas arquitetas querem “aplicar na geladaria a mesma ideia de um chefe de cozinha”. E, pelo cheirinho que sai das cubas, vão no bom caminho.
1927 Gelataria Portuense > R. do Bonjardim, 136, Porto > T. 22 242 3223 > dom-qua 12h-22h, qui-sáb 12h-24h