Há dois anos que esperávamos pela inauguração deste restaurante. Finalmente está de portas abertas e valeu a pena a espera. Foi preciso tempo para umas obras radicais transformarem um velho mercado num restaurante e garrafeira. O antigo bairro social do Arco do Cego – construído em 1935 com «casas económicas para habitação de operários de Lisboa» –, ganhou, no final de agosto, uma nova Mesa do Bairro. «É um restaurante para pessoas com apetite, que gostam de conviver, comer bem e beber bom vinho», explica Ana Carrilho de Almeida, 22 anos, uma das três responsáveis pelo restaurante do mesmo investidor do restaurante Montes Claros, de dois quiosques da Avenida Duque d’Ávila e dos hotéis Memmo.
Enquanto a sua irmã Inês, 23 anos, trata da contabilidade e o seu primo Hugo Aleixo, 37 anos, dos fornecedores, Ana dá a cara na sala. Estudou gestão hoteleira na escola suíça Les Roches, passou por Barcelona e pelo Algarve antes de trabalhar em Londres, com Luís Baena, no Notting Hill Kitchen. Foi, precisamente, com o chefe Baena que a equipa alinhavou a ementa com algumas das suas receitas originais, como os pastéis de massa tenra (€4,50), bochechas de vitela confitadas e molho de vinho tinto (€13), jarrete de novilho (€36), batatas três frituras (€2), pastel de nata com gelado de canela (€3) e macaron com requeijão de Seia e doce de abóbora (€4).
«Comida e vinho que dão que falar» é o lema desta casa, onde se entra pela garrafeira. Na verdade trata-se de uma loja onde se pode comprar o vinho que se quer beber e a esse preço acresce a chamada «taxa de rolha»: €6 para vinhos, €15 para gins e whiskys (incluindo água tónica e botânicos). Nas prateleiras existem mais de 150 referências de vinhos portugueses, espumantes, gins e whiskys, mas também se pode levar o vinho de casa e pagar apenas a taxa.
Enquanto os dias de outono se mantiverem amenos, vale a pena escolher um lugar na esplanada no terraço; se não, tem mesmo de fazer reserva para a sala interior, que, às sextas e sábados, tem tido lotação esgotada. Na sala de grupos, ao lado da garrafeira, organizam-se refeições com menus entre €20 e €30 por pessoa. A refeição pode começar pelo couvert (€1,75), que inclui uma manteiga de chouriço, enquanto esperamos cerca de 20 minutos pelo jarrete de novilho, um tornozelo que, depois de mais de seis horas de preparação, chega à mesa tostadinho numa assadeira. Dizer que a carne é tenra é pouco, a prova é que se desmancha com uma colher. O pica-pau (€11) e o robalo marinado (€10) são boas entradas para picar, tal como as batatas bravas (€3,70), os peixinhos da horta (€3,70) ou as favinhas estufadas (€3,70). Destaque ainda para dois pratos pouco usuais, pelo menos em Lisboa: sopa de peixe (€9,80) e rabo de boi (€12). Para combinar, 14 acompanhamentos, entre saladas, arrozes, batatas e legumes. Em breve, apostarão nos pratos do dia e no buffet, aos domingos. No bairro.

Jarrete de novilho
Mário João
Mesa do Bairro > R. Reis Gomes (antigo Mercado do Arco do Cego), Lisboa > T. 21 847 0268 > ter-sáb 12h30-15h, 19h30-23h