No próximo sábado, dia 29, a partir das 10 horas, Germano Silva organiza mais um Passeio pelo Porto, desta vez, alusivo ao S. João, com passagem pelos locais onde a festa tem as características mais populares e genuínas. O ponto de encontro será na Igreja do Bonfim e a chegada às Fontainhas. O passeio dura cerca de duas horas. Temos ainda 10 lugares por preencher.
Inscreva-se através do T. 22 043 7025. O passeio é gratuito.
O S. João do Porto
É toda uma noite de poesia e de descontração
- A rua da Lomba, para as bandas de Campanhã, é um dos sítios onde mais acentuadamente palpita o espírito sanjoaneiro. Porque foi nestes rincões populares que se inventaram as rusgas que na noite da festa percorrem as ruas da cidade enquanto cantam: “fui ao S. João à Lapa / da Lapa fui ao Bonfim…”
- Em 1834 o tema das festas sanjoaninas daquele ano, como não podia deixar de ser, foi a vitória dos liberais no Cerco do Porto. Nas ruas mais movimentadas do burgo daquele tempo viam-se as janelas e as varandas dos prédios engalanadas. No jardim de S. Lázaro, que ainda andava a ser construído, viam-se bandeiras e legendas com versos alusivos à vitória dos constitucionalistas. E o povo cantava: “não diga que tem saúde / quem nesta noite se deita…”
- O S. João do Porto, para ser verdadeiramente sentido ou, melhor, para ser estremecido, tem que ser vivido no meio ambiente que melhor o caracteriza, ou seja, onde a sua alegria espontânea palpita, num misto de ingenuidade e brejeirice. Para palpar isso mesmo, não há sítio melhor do que as ilhas de S. Vitor onde, como em nenhum outro sítio, se senta a alma rapioqueira da cidade que se pode traduzir nesta cantiga: “porque à volta da fogueira /chegaste teus lábios aos meus/ fizeste andar os meus beijos/toda a noite atrás dos teus…”
- Em 1869 os moradores das Fontainhas construíram uma cascata monumental e ao redor dela vendiam, aos que a visitavam, cabrito assado, café quente e pão com manteiga. Foi o começo de uma festa que, a breve trecho se transformou naquilo que ainda hoje é: a Meca sanjoanina do Porto. E nas idas e nas vindas o povo canta: “Donde vindes S. João / com a capa de estrelinhas?/ Venho de ver as fogueiras / no largo das Fontainhas…”
- Neste passeio vamos topar ainda com alguns sítios onde se sente mais íntima a palpitação humana. Aqui, por exemplo, no Bairro Herculano. Na cidade dos arraiais e dos folguedos; dos bailaricos e dos descantes, nada melhor do que isto. Pelos enfiamentos retilíneos do bairro esgueira-se o que de mais pitoresco se celebra no Porto em honra de S. João. Ouve-se cantar: ” Na noite de S. João /bailei com certa mocinha;/ e trouxe das orvalhadas / uma sede que não tinha…”