A casta Terrantez está em vias de extinção, tanto nos Açores, como na Madeira e no Continente, onde está referenciada no catálogo de Castas do Dão (Cadastro Vitícola de 1986), que lhe atribui a sinonímia de Donzelinho Branco do Douro.
Para lá dos estudos ampelográficos importa reter que esta variedade branca nos proporciona excelentes vinhos, como comprovamos com os dois hoje aqui recenseados, um dos Açores, outro da Madeira, porque do Continente desconheço vinhos varietais Terrantez.
Fita Preta Terrantez do Pico Regional Açores 2011 ****/***** – €18
É um branco da autoria do enólogo António Maçanita com a colaboração de Susana Mestre na área da viticultura. Como pode ler-se no contra-rótulo existem nos currais do Pico, vinhedos classificados pela Unesco como Património da Humanidade, escassos pés de videira Terrantez de tal modo que a produção de 2011 se limitou a 602 garrafas. Com 12,5%, é um vinho singular com carácter próprio e ligeira acidez, que lhe acentua a frescura e sabores citrinos.
Blandy’s Terrantez Madeira 1976 ***** – €175
Um Madeira que perdurará na minha memória por muitos e longos anos, assim eu os viva. Um hino ao vinho, à arte do vinho, a perfeição da enologia em garrafa. Envelheceu 21 anos em pipas de carvalho americano pelo método de “canteiro” (sem estufagem na adega) até ser engarrafado em 1997. Abriuo domingo passado; a rolha desfez-se um pouco e decanteio. À medida que o vinho descia pelo “decanter” libertava aromas exuberantes, que inundaram a sala. De cor castanha brilhante, topázio profundo, com nuances esverdeadas revelou-se-me na boca de uma harmonia sem par, com sabores a frutos secos, chocolate negro e uma intensa frescura na boca. Entre o Malvasia e o Sercial, este Terrantez é de um esplendor absoluto nos aromas e sabores. Um dos melhores vinhos que bebi na minha vida. O seu preço oscila no mercado atual entre os 175 € e os 203 €.