Segui de perto o início das vindimas em setembro passado nas Quintas da Roeda (Croft) e de Vargellas (Taylor’s) acompanhado por David Guimaraens (director de enologia) e António Magalhães (responsável pela viticultura das vinhas do grupo Taylor’s/Fonseca/Croft).
Reparei como as rogas de vindimadores estavam instruídas para selecionar os cachos no corte, abandonando os que não apresentavam bom estado de sanidade, boa maturação ou os de castas sem interesse enológico (Mourisco, por exemplo).
O consumidor que se limita a abrir a garrafa de vinho do Porto à mesa numa roda de amigos não pode fazer a mais pequena ideia do rigor da vindima nesta empresa (que só faz vinho do Porto), dos milhares de cachos que ficam abandonados nas cepas ou no solo de xisto, para que apenas cheguem à adega cachos de uvas capazes de virem a produzir excelentes Portos e de preferência vintage. A triagem dos cachos de uvas é assim feita no acto do corte e não em tapete de escolha à porta da casa dos lagares.
Os vintages deste grupo são vinificados em lagar com pisa a pé e robótica. Mas o corte inicial, a primeira pisa das uvas depois de passarem pelo esmagador, é feito pelos homens e mulheres que trabalham nos lagares.
Outro aspecto saliente nesta equipa da Taylor’s é a decisão conjunta do dia da vindima quinta após quinta, vinha após vinha, do talhão de castas misturadas ou do talhão por casta.
O “blend” (o lote) de cada lagarada é conceptualizado a partir da vinha. Todo este trabalho a dois, de paciência e rigor, dá necessariamente bons resultados, tão variáveis vindima a vindima como inevitáveis consoante o ano climático.
Em 2007, David Guimaraens consagrou três vintages fabulosos. Em 2008 não deixou os créditos por mãos alheias. Assim temos:
Taylor’s Terra Feita Porto Vintage 2008 **** Um vintage do vale do rio Pinhão, no Cima Corgo, com aromas florais e sabores a amoras.
Taylor’s Quinta das Vargellas Porto Vintage 2008 ****/***** A quinta emblemática da Taylor’s, onde nasceu este Vintage do Douro Superior, que nos cheira a violetas e nos sabe a framboesas, amoras e cerejas bem maduras.
Fonseca Quinta do Panascal Porto Vintage 2008 ***** O melhor Quinta do Panascal desde que a Fonseca adquiriu esta propriedade no vale do Távora. Tão bonito como a quinta debruçada sobre o afluente do Douro.
Fonseca Guimaraens Porto Vintage 2008 **** Elegante, sem fazer esquecer colheitas anteriores soberbas: 1976 e 1988.
Croft Quinta da Roeda Porto Vintage 2008 ****/***** Nesta quinta junto à povoação do Pinhão, situada na margem esquerda do rio Douro, nascem vintages soberbos graças às suas vinhas velhas.