A intensidade da perceção da dor é muito variável e é um campo de estudo complexo pela impossibilidade de a avaliar objetivamente. Para tentar compreender como o cérebro percebe a dor, um grupo de investigadores da Universidade de Tsukuba pôs em cima da mesa duas hipóteses: A Hipótese Estimada e a Hipótese Surpresa. Na primeira, o cérebro estima a intensidade da dor com base em previsões; na segunda, o cérebro percebe a dor como a diferença entre a previsão e a realidade.
Participantes saudáveis receberam um estímulo térmico e relataram a intensidade da dor sentida enquanto recebiam estímulos visuais dolorosos (como ser esfaqueado) e não dolorosos em modo realidade virtual.
Num cenário realístico, em que uma faca trespassava um dos seu braços virtuais, enquanto o braço real recebia um estímulo térmico, os participantes relataram mais dor quando, de repente, a faca desaparecia. O desaparecimento imprevisível da ameaça tornava, portanto, a dor mais intensa do que quando estava visível.
Esta experiência permitiu aos investigadores perceber que quando o erro de previsão era grande, os participantes percecionavam mais fortemente a dor, pelo que a Hipótese Surpresa parece ser mais adequada para explicar o mecanismo de perceção da dor no cérebro e que a dor é amplificada quando ocorrem acontecimentos inesperados.
O estudo é publicado na edição de abril da Cognition.