IMC dentro dos valores considerados normais, saúde. Muito abaixo ou acima, risco. Durante décadas, o Índice de Massa Corporal foi usado como medida para a gordura corporal e consequente nível de risco para a saúde. O cálculo é simples e tem por base apenas a altura e o peso. E precisamente por ser tão simples, tem sido criticado por não ser adequado – é fácil de ver que uma pessoa sedentária e um atleta podem ter exatamente o mesmo valor de IMC, mas enquanto nas contas da primeira podem entrar uns bons quilos de gordura a mais, na segunda o mesmo peso corresponderá a uma maior massa muscular. Isto quer dizer que uma avaliação através do IMC pode resultar numa classificação como “obeso” de um indivíduo com grande massa muscular e como “normal” a de alguém com um nível de gordura abdominal que chega a representar um risco, mas que tem um peso dentro daquele intervalo.
Segundo um estudo publicado recentemente na JAMA Network Open, o BRI, a sigla para o inglês body roundness index, parece ser uma forma mais correta de estimar a obesidade e esta investigação deu força à fórmula criada em 2013 pela professora de Matemática Diana Thomas e publicada na revista Obesity.
O BRI mede precisamente o que sugere o nome, ou seja, o arredondamento do corpo – tem em conta a altura e a circunferência da cintura e da anca.
“O quão redondo o corpo é está diretamente correlacionado com a distribuição da gordura corporal, especial a abdominal. A gordura abdominal é um forte indicador de doença cardíaca diabetes e até do risco de morte”, explicou Ali Rezaie, gastroenterologista e professor na Universidade da Califórnia, à Health.
Se o IMC categoriza os indivíduos como abaixo do peso, normais, acima do peso ou obesos, a escala deste índice vai de 1 a 16. Quanto mais elevada a pontuação, mais arredondado é o corpo e maior o risco para a saúde e maior também o risco de morte por qualquer causa. Pontuações demasiado baixas também não são positivas e podem sugerir problemas como malnutrição, atrofia muscular ou até baixa tolerância à atividade.
Em 2024, a Associação Médica Americana anunciava, em comunicado, que o IMC era uma “forma imperfeita para medir a gordura corporal em múltiplos grupos”, uma vez que tem por base ” dados recolhidos em gerações anteriores de populações brancas e não hispânicas”.
Já o BRI, ao incluir as medidas da cintura e da anca, oferece uma avaliação mais detalhada da forma do corpo e da distribuição da gordura corporal.
Pode fazer aqui o cálculo do seu BRI.
Índice ideal? Nem por isso
Apesar das vantagens em relação a outros índices, o BRI tem as suas limitações, logo a começar por uma das que o IMC também tem: a de não ter em conta diferentes grupos étnicos, idade e género.
Por outro lado, o facto de se basear numa medida da cintura também dificulta a sua precisão – basta mudar ligeiramente o sítio onde se coloca a fita métrica ou encolher um bocadinho a barriga e o valor já vai ser diferente.