Mais de 700 mil alunos do 9º ano, nascidos entre 1985 e 1997, de um total de 860 escolas finlandesas participaram numa investigação que se prolongou por 11 anos e que permitiu aos investigadores concluir que as perturbações mentais podem ser transmitidas dentro das redes sociais dos jovens – não as redes sociais online mas as redes reais, como as escolas.
Os autores do estudo, publicado na JAMA Psichiatry, o maior e mais alargado sobre o alastramento de perturbações da saúde mental em redes sociais, asseguram ter demonstrado que o número de colegas diagnosticado com uma perturbação mental tem ligação com um risco maior de receber o mesmo diagnóstico anos mais tarde. A associação foi mais evidente nos casos de perturbação do humor, alimentares e ansiedade e os investigadores garantem que esta relação não pode ser explicada por outros fatores, como a escola em si, a área de residência ou os pais.
Christian Hakulinen, da Universidade de Helsínquia, uma das instituições envolvidas no estudo, sublinha o que este teve de diferente quando comparado com investigações anteriores sobre o mesmo tema: nos outros, as redes sociais dos participantes que foram analisadas tinham sido escolhidas pelos próprios, sem interferência dos investigadores; neste caso, as redes sociais eram as turmas, sendo que, como é evidente, não são os alunos a escolher os colegas.
“As conclusões aprofundam significativamente a nossa compreensão de como os problemas de saúde mental se desenvolvem e afetam as outras pessoas nas nossas redes sociais”, considera Hakulinen, que acrescenta que, por exemplo, também é possível que quando se tem alguém próximo que já pediu ajuda para lidar com esses problemas haja uma normalização do diagnóstico e que seja mais fácil (e rápido) procurar também ajuda,