As autoridades de saúde do Japão estão preocupadas com o aumento do número de casos de Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico, uma doença rara, grave e com uma taxa de mortalidade que pode chegar aos 70%. Em 2023, o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas japonês registou um número recorde de 941 casos de pacientes com esta doença, sendo que até fevereiro de 2024 foram reportados mais 378 casos numa população com cerca de 125 milhões de habitantes.
Esta doença é provocada pela bactéria chamada Streptococcus beta-hemolítico do grupo A e nos últimos 30 anos eram registados uma média de 100 a 200 casos. Tudo mudou a partir de 2019, quando foram detetados 894 pacientes diagnosticados com esta infeção.
Pessoas de todas as idades podem ser infetadas, mas a prevalência é mais significativa entre os que têm mais de 30 anos. A maioria das pessoas que contrai a bactéria chamada Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (a entrada ocorre través de uma barreira comprometida, como uma lesão de pele, ou através de membranas mucosas) não apresenta sintomas, ou tem apenas dores ligeiras e algumas infeções na pele. Contudo, qualquer caso de infeção com esta bactéria pode evoluir para Síndrome do Choque Tóxico, segundo o site oficial dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Nos casos em que a bactéria atinge a corrente sanguínea, músculos ou pulmões, os sintomas são mais fortes, podendo levar à hipertensão, necrose dos tecidos, falência múltipla de órgãos e até à morte.
O tratamento requer hospitalização, administração de antibióticos e, em alguns casos, cirurgia para remover o foco de infeção.
Prevenir uma doença que ainda é um mistério
Keizo Takemi, ministro da saúde japonês, mostrou preocupação com o aumento dos casos e confessou que ainda não se sabe a causa provável para o aumento de incidência desta doença. Contudo, admitiu que existe uma relação provável com a recuperação de problemas respiratórios após a pandemia da covid-19. O Streptococcus beta-hemolítico do grupo A é transmitido através de gotículas respiratórias e pelo contacto com superfícies contaminadas, o que faz com que a prevenção passe por cuidados de higiene das mãos e por cuidados redobrados em casos de tosse.
“Devem ser tomadas medidas normais para prevenir esta doença infecciosa, como lavar as mãos e manter as feridas limpas”, explica Takashi Nakano, professor na Faculdade de Medicina de Kawasaki ao jornal The Asahi Shimbum, ao mesmo tempo que alerta para a importância de tratamento médico ao sinal dos primeiros sintomas, sublinhando o “muito que ainda não se sabe sobre esta doença, como o motivo para esta bactéria se tornar fulminante”.