Em declarações aos jornalistas após uma reunião com a Ordem dos Médicos, em Lisboa, Paulo Raimundo foi questionado sobre o desafio, feito este domingo pelo ex-bastonário Miguel Guimarães num evento da Aliança Democrática (AD), para celebrar “um acordo de regime” sobre a saúde entre os vários partidos.
Na resposta, Paulo Raimundo disse que o problema com que o país está confrontado, “é que o pacto de regime que o PSD propõe, ou propôs, está em vigor”.
“E o pacto, qual é? Desmantelar o SNS. Uns com umas medidas mais enroladas, outras mais claras, mas, infelizmente para a vida dos médicos, dos enfermeiros, dos técnicos e, em particular para a vida dos utentes, esse pacto está em vigor”, disse.
Para o secretário-geral do PCP, não é preciso “criar um pacto”, o que é preciso “é acabar de uma vez por todas com o pacto que está em vigor”.
Já questionado sobre a proposta do novo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, para um programa de saúde oral no SNS, Paulo Raimundo salientou que é “muito importante” e é uma medida que o PCP apoiará, mas considerou que não é o problema principal atualmente.
“Essa é uma questão para resolver, e não há nenhuma razão para não ter sido já resolvida, mas o problema é que nós temos hoje é que há um milhão e 700 mil pessoas sem médico de família, esse é que é o grande problema”, disse.
Paulo Raimundo defendeu que Pedro Nuno Santos faz parte de um partido “que tem estado no Governo e que tem estado a acelerar esse caminho de desmantelamento do SNS”, salientando que “esse é que é o problema para resolver”.
“Não vale a pena estarmos a empurrar com a barriga, sem resolvermos os problemas que hoje estão em cima da mesa. O que nós precisávamos era de ter uma resposta para: como é que vamos resolver o problema da falta de médicos hoje”, disse.
Sobre a reunião com a Ordem dos Médicos – na qual o PCP esteve representado por Paulo Raimundo e pelos membros do Comité Central Jorge Pires e Bernardino Soares -, o líder comunista destacou que houve uma “grande convergência” na ideia de que “é preciso salvar o SNS”.
Paulo Raimundo defendeu ainda que é preciso valorizar e respeitar os profissionais do SNS e criar condições de trabalho, salientando também que é preciso “aumentar salários”, mas ressalvando que “as questões financeiras, que são importantes, não são decisivas para a larga maioria dos profissionais e, neste caso, dos médicos”.
Já o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considerou que a reunião foi “importante, muito interessante”, concordando as duas partes que é necessário “capacitar o SNS, nomeadamente com mais recursos humanos, com uma capacidade de previsão, de antecipação dos problemas”.
TA // JPS