Numa tribuna pública sobre o tema “Defender o SNS”, que decorreu hoje à frente do centro de saúde de Alhandra, Paulo Raimundo apelou a que a população “não se deixe enrolar”, nem “escorregue nas cascas de banana” que lhe põem o caminho.
“Não percamos tempo com as distrações que são criadas, com os ‘faits divers’, com o problema entre o A, o B e o C. Não, os problemas das nossas vidas, do país, não estão nesses ‘faits divers'”, sustentou.
Para o líder do PCP, os problemas da população estão “no centro de saúde, porque não há médicos, está à porta da casa que não consegue pagar, está no trabalho, que se trabalha, trabalha, trabalha e não se consegue sair da pobreza”.
“São esses os problemas a que é preciso dar resposta e não os ‘faits divers’ das parangonas dos jornais e dos telejornais. A vida de cada um, de todos, é isso que é preciso dar resposta”, defendeu.
Pouco depois, em declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi questionado sobre os ‘faits divers’ a que se referia em concreto, tendo respondido que “infelizmente são muitos”.
“Nós temos assistido, nos últimos dias, a não factos, a não acontecimentos, mas que ganham uma dimensão que – não menosprezo a sua importância -, mas estão muito longe das preocupações das pessoas”, referiu.
Interrogado sobre o apelo do PSD, Chega e BE para que seja revogado o decreto que cria as novas Unidades Locais de Saúde (ULS), Paulo Raimundo considerou que o fundamental é dar resposta aos problemas no SNS e não estar “em jogos para trás e para a frente que não têm nenhuma consequência”.
Questionado, contudo, se percebe a preocupação do PSD e Chega sobre esta matéria, o líder do PCP disse que sim, apesar de a achar “completamente desconjuntada”.
“O que é que isso altera à vida destas pessoas? Nada. Estamos numa situação em que tudo serve para entreter e estamos nisso”, criticou.
Já interrogado sobre as trocas de palavras entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, o secretário-geral do PCP considerou que esse é um tema que está precisamente nesse “bolo dos ‘faits divers’ e das tricas que não têm consequência nenhuma na vida das pessoas”.
Paulo Raimundo defendeu que esses temas têm sido “um alívio” para o Governo, que “passa tempo a comentar coisas que têm um interesse pontual e escusam de estar a comentar” questões como a falta de médicos, de consultas ou de tratamentos.
“A malta entretém-se a comentar, durante muitas horas, coisas que de certeza absoluta não levaram ninguém a perder o sono. Agora, à conta de vir para a fila às 23:00 para ter consulta no dia a seguir, como eu já presenciei, isso é que tira o sono às pessoas”, referiu.
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo criticou ainda o ministro da Saúde por ter dito que os médicos não têm feito “nenhuma aproximação” às posições do Governo, considerando que Pizarro tem “pouca moral” para dizer isso, “porque andou 19 meses a enrolar negociações”.
Sobre a nova ronda de negociações, esta quinta-feira, Raimundo considerou que “é obrigatório” o Governo chegar a acordo com os sindicatos dos médicos, “para dar respostas aos problemas” no SNS.
No seu discurso na tribuna pública, o líder do PCP voltou a defender que “é hora de mudar de política” e pô-la “ao serviço de quem deve estar” e apelou à mobilização da população para “resolver os problemas de hoje e de agora” e “condicionar as soluções de amanhã”.
“As eleições estão aí e são uma oportunidade, com o reforço do PCP e da CDU, (…) para abrir um caminho novo, de que o país precisa”, defendeu.
TA // JPS