Um grupo de cientistas liderados pelo Instituto de Investigação do Cancro, no Reino Unido foi capaz de inverter a resistência do cancro da próstata à medicação. A investigação publicada pela revista científica Nature concluiu que o tratamento de glóbulos brancos mieloides pode ajudar a diminuir o tamanho de tumores e reverter a sua resistência aos tratamentos. A investigação, que dura há mais de uma década, envolveu a Real Fundação Marsden de Londres e o Instituto de Investigação de Oncologia da Suíça. Este foi o primeiro estudo do tipo realizado em seres humanos.
De acordo com os investigadores, as células mieloides afetadas pelo cancro da próstata facilitam o crescimento e sobrevivência dos tumores ao permitirem e ajudarem a que se alastre às células saudáveis. O tratamento dos glóbulos brancos mieloides pode ajudar a diminuir a resistência aos medicamentos e retardar a sua progressão. Este processo, ao alterar a forma como os tumores crescem e se desenvolvem, diminui a sua resistência à medicação.
Para a investigação foi utilizada uma amostra de vinte e um pacientes com cancro da próstata, a quem foram administrados dois medicamentos: o AZD5069 – um medicamento que bloqueia as células cancerígenas de chegarem aos glóbulos brancos – e a Enzatulamida – uma terapia hormonal comumente usada no tratamento destes tipos de cancro.
“Esta investigação prova, pela primeira vez, que o tratamento das células mieloides, em vez das próprias células cancerosas, pode reduzir os tumores e beneficiar os doentes. Isto é tremendamente entusiasmante e sugere que teremos uma forma inteiramente nova de tratar o cancro da próstata “, explicou Johann De Bono, líder do estudo e professor no Instituto de Investigação do Cancro.
Do grupo de pacientes cerca de 24% – ou seja, cinco pessoas – responderam bem ao tratamento, tendo-se verificado uma diminuição de mais de 30% dos tumores. Para além disso registaram-se também quebras nos níveis de antígeno prostático específico, uma enzima geralmente elevada na presença de cancro da próstata.
Os cientistas esperam que este método possa vir a estender-se ao tratamento de outros tipos de cancro. “É extremamente gratificante ver a nossa teoria comprovada num ensaio com doentes com esta doença. As células mieloides podem estar implicadas na resistência ao tratamento de uma série de cancros, pelo que o impacto desta investigação poderá ser muito vasto, em vários tipos de cancro”, acredita De Bono.