Um novo estudo, realizado por investigadores do Comprehensive Cancer Center da Universidade de Ohio, em Columbus, nos EUA, concluiu que, além dos nódulos encontrados na palpação mamária, uma grande percentagem de mulheres não é capaz de identificar sintomas comuns que podem ser um alerta para o cancro da mama.
A mesma investigação deu conta de que muitas mulheres desconhecem ou ficam confusas relativamente à frequência com que devem fazer os rastreios para este tipo de cancro.
De acordo com a equipa, estes dados são preocupantes, já que muitos casos de cancro de mama não são diagnosticados devido a um nódulo detetado através da palpação.
Isto significa, reforçam os investigadores, que as mulheres devem estar atentas a todos os outros sinais de alerta da doença, para que o diagnóstico e, consequentemente, o seu tratamento, possam ser realizados de forma mais eficiente.
Em comunicado, Ashley Pariser, médica oncologista e uma das autoras do estudo, explica que o objetivo é que as mulheres “se sintam fortalecidas em relação aos seus corpos e saibam o que é normal para elas”. “Muitas alterações mamárias são resultado do envelhecimento e do parto; no entanto, o cancro da mama pode apresentar-se de várias maneiras”, acrescenta ainda a investigadora.
De acordo com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, o cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres (não considerando o cancro da pele) e corresponde à primeira causa de morte por cancro, na mulher. Só em Portugal, são detetados todos os anos cerca de 7 mil novos casos de cancro da mama, e 1800 mulheres morrem com a doença.
“É importante que as pessoas se sintam seguras para abordar estas preocupações em tempo útil com o seu médico. Fizemos grandes progressos na deteção de cancros da mama em fases muito mais precoces e mais tratáveis”, remata Pariser.
Sintomas são pouco identificados pelas mulheres
Para o desenvolvimento do estudo, os investigadores realizaram entrevistas, questionando as mulheres sobre o conhecimento de certos sinais como possíveis sintomas de cancro de mama, tais como ter um mamilo ou os dois invertidos, retraídos ou apontados para baixo, haver secreção mamilar ou corrosão ou espessamento da pele da mama, sentir uma perda de sensibilidade nas mamas ou enrugamento da pele da mama, que cria uma reentrância quando se levanta os braços.
A análise das respostas levou a equipa a concluir que apenas cerca de um terço das entrevistadas sabia que ter um mamilo invertido, retraído (quando ele fica virado para dentro da mama) ou apontado para baixo pode ser um sintoma de cancro de mama.
Já relativamente à perda de sensibilidade na mama, a percentagem de mulheres que identificava este sinal como um alerta foi de 40% e o mesmo número foi encontrado no que diz respeito ao enrugamento da pele da mama.
Os investigadores perceberam também que apenas 45% das mulheres sabia que a corrosão ou o espessamento da pele da mama também podiam ser sinais de alerta para o cancro da mama e pouco mais de metade dos entrevistados reconhecia a secreção mamilar como um sintoma.
A Liga Portuguesa Contra o Cancro alerta para os mesmos sintomas, além do mais óbvio, ou seja, qualquer nódulo ou espessamento na mama, perto da mama ou na zona da axila: sensibilidade no mamilo, alteração do tamanho ou forma da mama, retração do mamilo e secreção ou perda de líquido pelo mamilo, por exemplo.
“A mamografia de rastreio é a nossa defesa [número um] na deteção e tratamento do cancro da mama nas suas fases iniciais e mais tratáveis, mas também é muito importante que as pessoas estejam familiarizadas com o aspeto e a sensação do seu próprio tecido mamário, para que, quando ocorram alterações subtis, poder fazer-se uma avaliação” eficiente que leve a um diagnóstico mais rápido, defende Pariser.
Em Portugal, existe um programa consensual de rastreio oncológico para o cancro de mama, que tem demonstrado uma redução de mortalidade de aproximadamente 30%. A recomendação para o rastreio, neste cancro, inclui a realização de uma mamografia a cada dois anos, dos 50 até aos 69 anos.