Um novo estudo realizado pela Universidade de Chicago comprovou que as pessoas que estão habituadas a beber mais sofrem as mesmas consequências das que não bebem tanto. O Chicago Social Drinking Project (CSDP) juntou 397 participantes, a maioria na casa dos 20 anos, divididos em três grupos, consoante os seus hábitos de consumo de álcool: os que consumiam, em média, três, 20 bebidas e quase 40 bebidas por semana, caindo estes últimos no espectro do abuso de álcool.
A cada meia hora, uma hora, duas horas e três horas após o consumo de álcool, os participantes foram submetidos a testes ao hálito, à memoria e à capacidade motora.
A perceção de que uma pessoa consegue “aguentar” o álcool “está em todo o lado, em todas as redes sociais e filmes”, analisa o autor do estudo, Andrea King, professor de psiquiatria e neurociência comportamental da Universidade de Chicago. “O nosso estudo encontrou algum fundamento para um aumento da tolerância, mas, na verdade, depende da quantidade de álcool que é consumida, quão rapidamente e quanto tempo passou desde o consumo”, explica.
King considera esta descoberta importante visto que “apenas 10% das pessoas com alcoolismo vão receber tratamento e o consumo excessivo de álcool está a aumentar”. Entenda-se por excessivo, segundo o investigador, o consumo de cinco ou mais bebidas, no caso dos homens, e de quatro ou mais, no caso das mulheres, durante as primeiras duas horas a contar a partir da primeira bebida.
Aos participantes foi dada uma bebida que podia conter álcool, um estimulante, um sedativo ou um placebo. O álcool que estava em cada bebida era o equivalente a quatro ou cinco cervejas. As mulheres receberam uma dose que continha 85% do que foi dado aos homens devido às diferenças de metabolismo.
Na primeira meia hora, o grupo que consumia em média 40 bebidas por semana não demonstrou alterações no teste cognitivo; no entanto, após trinta minutos do início, os três grupos saíram-se mal na tarefa de colocarem peças em buracos, como nos jogos infantis.
Os investigadores deram mais uma bebida para ver se o grupo que consumia 40 bebidas por semana ficaria afetado com uma dose extra, para simular os seus hábitos. Após esta dose, mostraram menos 50% de capacidades motoras e mentais e, três horas depois, ainda não as tinham recuperado totalmente.
O Chicago Social Drinking Project é uma investigação que tem várias fases e, de momento, encontra-se a recrutar adultos dos 40 aos 65 anos para analisar os efeitos do álcool, cafeína e anti-histamínicos no humor, desempenho e comportamento.